A Bandevelugo (*) apresentou-se no dia 27 de março, Dia Mundial do Teatro, como uma companhia de teatro em Oliveira de Azeméis, tal como noticiamos aqui. Este projeto fundado João Amorim e Daniela Cardos vem colmatar uma deficiência existente no concelho. O teatro passa agora ter um olhar profissional. “Não havendo o registo de fixação de qualquer companhia de teatro profissional até ao momento neste concelho, a Bandevelugo assume o seu posicionamento, com o principal objetivo de corrigir as assimetrias de acesso à criação e fruição cultural, complementando a ação do município, introduzindo um carácter descentralizador na sua programação”, explica a companhia em comunicado.
(*) Bandevelugo Toireco é um deus pré-romano sobre o qual se sabe muito pouco |
Este projeto oliveirense nasce com o apoio da Direção-Geral das Artes (Organismo do Ministério da Cultura) e da Câmara Municipal Oliveira de Azeméis possibilitando assim um investimento artístico, pagando aos atores, e todos os profissionais ligados ao espetáculo, para poderem dedicar a ele a tempo inteiro. É a primeira vez que esta oportunidade surge no concelho.
“A nossa ideia foi criar o nosso projeto e implementá-lo num território que não tem regularidade de criação ou de programação cultural, afirma João Amorim. “De forma a reaproximarmos os clássicos da cultura popular, que consideramos serem pilares estruturais da definição cultural e do pensamento contemporâneo, partiremos da realidade concreta das carências físicas e estruturais que os locais apresentarão. As freguesias abrangidas, na sua maioria não detém qualquer tipo de instalação convencional para a realização de um espetáculo, pelo que, essa característica deverá ser fator determinante para a diferenciação deste projeto, tornando-se ponto fulcral para a experimentação e descoberta de uma nova abordagem à criação do texto clássico”, pormenoriza a companhia em comunicado.
Estreia de um espetáculo especial no início do FESTOLA, em Carregosa
A primeira peça trabalhada pela primeira companhia de teatro profissional do concelho de Oliveira de Azeméis foi “A Tempestade”, de Hamlet, e tem estreia marcada para o próximo sábado, dia 30, no Auditório Diamantino Melo, em Carregosa.
“Este é um projeto especial, digo eu. Primeiro porque tem como missão expandir a oferta e fruição cultural em territórios com pouco ou nenhum acesso. Depois, porque o faz usando um texto que é um clássico fundamental da história teatral – A Tempestade de William Shakespeare. E por fim, porque reúne atores saídos de licenciaturas de teatro, uns com mais palco outro com menos, mas todos com energia e capacidade de imaginar novas utopias”, declara João Amorim.
É também uma estreia especial, dizemos nós, porque estreia a edição deste ano do FESTOLA, o festival de teatro de Carregosa, organizado pela URATE, e que tem muito o dedo de João Amorim, que saiu da direção deste grupo para se dedicar a 100 por cento à companhia Bandevelugo.
Até 28 de novembro, a Bandevelugo andará em digressão pelas freguesias do concelho com a peça “Tempestade”, mas João Amorim não considera esta companhia itinerante. “O nosso palco é o concelho de Oliveira de Azeméis”, diz.
Onde é que vão ser as primeiras atuações da companhia de Teatro Bandevulgo com a peça “A Tempestade”, de William Shakespeare?
30 outubro | 21h30 | Carregosa, no Auditório Diamantino Melo
5 novembro | 21h30 | Santiago de Riba-Ul, na Sede da Banda de Música
12 novembro | 21h30 | Loureiro, na Junta de Freguesia
13 novembro | 21h30 | Fajões, nos Bombeiros Voluntários
14 novembro | 17h30| São Martinho da Gândara, no Centro Paroquial
19 novembro | 21h30| Cesar, no Centro Paroquial
21 novembro | 21h30 | Cucujães, na Casa do Torreão
27 novembro |21h30| Pinheiro da Bemposta, na Junta de Freguesia
28 novembro| 17h30| São Roque, na Junta de Freguesia
“Tempestade” é a melhor metáfora para descrever o que a companhia Bandevelugo vai começar a fazer no concelho de Oliveira de Azeméis. “É um espetáculo que chega a um teatro, salão paroquial, escola, o que for, e como uma tempestade, altera a ordem natural das coisas, cria caos, desabita de maus hábitos estes espaços e dá-lhes outra vida. Sempre na esperança de que, um dia mais tarde, com outro espetáculo, e outro e outro, nos chamem para reparar as fendas e feridas que foram abertas durante esta Tempestade”, escreve João Amorim em comunicado.
Resumo de “Tempestade” e quem são os profissionais que a fazem
O diretor da nova companhia de teatro de Oliveira de Azeméis, e encenador e “Tempestade” conta, resumidamente, sobre do que se trata esta peça: “Oito atores contam a história de uma ilha mágica, onde tudo é possível. A trama é simples, mas já tem 400 anos de garantia de sucesso. Um antigo governador, Próspero, é destituído da sua cidade pelo seu irmão, que usurpa o seu lugar enviando-o para exílio com a sua filha de apenas três anos. Nessa ilha ele adquire poderes mágicos e como uma nova república instaura outra ordem social. Doze anos mais tarde, encontra no mar o seu irmão e séquito de usurpadores e vinga-se deles. Cria uma tempestade e nesse naufrágio leva-os a esta ilha mágica obrigando-os a redimirem-se dos seus pecados onde ele próprio também se confronta com os seus. É uma peça sobre como sarar feridas abertas. É uma peça sobre reparação”.
Encenação: João Amorim e Ricardo Correia Com: Bárbara Soares, Daniela Amaral Cardoso, Daniela Silva, Fábio Saraiva, Joana Gomes, João Amorim, João Cravo Cardoso e Miguel Lança Adaptação Dramatúrgica: Ricardo Correia Cenografia: Rita Campos Figurinos: Sara Silva Desenho de Luz: Jonathan Azevedo Sonoplastia: João Castro Gomes e Daniela Cardoso (música original) Tradução: Luís Miguel Cintra, Luís Lima Barreto e José Manuel Mendes Produção: Joana Rodrigues Assistência de produção: Daniela Cardoso e João Amorim Grafismo: Pedro Santos Vídeo: Mário Costa Apoio Digressão: Lara Santos |