Por esta altura, cá no burgo, o TeMA é o tema de todos os temas. Posto isto, mesmo querendo estar à margem das polémicas (e das politiquices) que a atualidade nos vai dando, não resisto à tentação de me meter também com o TeMA… O meu assunto (ou tema) é o nome que se dá às coisas, ou aquele com que se batizam, mesmo que a generalidade das pessoas continue a usar o apelido.
O Teatro Municipal de Azeméis – nome atribuído ao ex-Cine Teatro Caracas após a remodelação – é o exemplo mais recente daqueles que, apesar de oficiais, não vingam na linguagem corrente. A própria promoção da renovada infraestrutura não o consegue esconder quando lança a frase infeliz “Um TeMA do caraças”…
Com alguma atenção ao fenómeno que nunca acatou Praça da Cidade em vez de Largo do Gemini, Largo Camões em vez de Rotunda do Raínha, ou Rotunda do Rotary em vez de Rotunda da Churrasqueira Africana, talvez não tivesse havido necessidade de chegarmos aqui. Com a diferença de dignidade que não pode ter comparação.
Mesmo considerando o pouco que hoje representa para nós a Venezuela, não se pode apagar o passado e esquecer o que representou para tantos emigrantes da nossa região e do nosso concelho, há pouco mais de meio século. Foi a capital desse país da nossa emigração que inspirou os fundadores de uma das melhores casas de espetáculos da região. Sobretudo não se pode passar uma esponja sobre a rica história cultural que esta casa representou ao longo de 50 anos.
A remodelação era necessária? Sem dúvida. Apagar-lhe completamente o nome de origem? Talvez não.
Sem colidir com a vontade de inovar, era possível preservar o nome Caracas. Era um ato de justiça para com o passado. Por exemplo, Teatro Municipal Caracas (todos sabem onde estamos) ou Caracas – Teatro Municipal de Azeméis, podiam ter sido alternativas a estudar se tivesse havido uma consulta popular.
Outras obras haverão de fazer o mesmo percurso. Quem sabe se a experiência deste batismo não serve de lição para o futuro…
____
Albino Martins é o novo cronista azeméis.net
Aceitando o desafio lançado pela direção deste jornal, o ex-vereador da Cultura da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis expressará a sua opinião em temas relevantes. “Um comentário de vez em quando” é o nome da rubrica. O autor escreverá sempre que considerar que a atualidade assim o justifica.
Uma resposta
Caracas foi Caracas, enquanto propriedade de um privado! A oartir do momento em que a autarquia proporcionou negócio ao seu proprietário para salvar o edífio e dar-lhe nova vida, pago com dinheiros publicos, é mais que ligitimo que este tenha um nome que faça juz ao investimento aplicado!