Ainda que o Honda e meça menos de quatro metros a marca nipónica entra em grande no mercado dos carros elétricos. Não é o mais barato, não é o que tem mais autonomia, não é o que tem mais espaço, mas é um dos carros mais divertidos que já conduzimos e sobretudo uma verdadeira montra tecnológica.
A história da Honda começa na cidade de Hamamatsu, no Japão, em 1946, quando Soichiro Honda funda a Honda Technical Research Institute. Em 1963, nasceu o S500 Roadster, o primeiro automóvel da Honda, em 1972 a marca lança o Civic modelo que a catapultou para o reconhecimento mundial. Quase meio século depois a Honda volta a inovar com o lançamento do Honda e, o seu primeiro modelo sem motor de combustão.
Esteticamente o Honda e inspira-se orgulhosamente em modelos que marcaram a história da marca. Como as fotos demonstram o pequeno Honda não passa despercebido no meio do trânsito, é um daqueles carros que ou se gosta ou se detesta. Denominada “Charge Yellow”, a extravagante cor da unidade cedida ao azemeis.net destacava ainda mais as linhas minimalistas do citadino nipónico.
A frente é quase igual à traseira, com a barra preta e os faróis e farolins redondos com o mesmo tamanho. A inclinação do óculo traseiro é idêntica à do para brisas e não fosse o capô onde se está situada a porta de acesso ao sistema de carregamento, as câmaras e as luzes de marcha atrás, seria difícil perceber se o Honda e estava a andar para frente ou em marcha atrás.
Visto de lado o Honda e mantem as linhas simples e minimalistas fazendo lembrar o N600, modelo de finais da década de sessenta. A ausência de espelhos retrovisores (substituídos por câmaras) salta de imediato à vista e contribui ainda mais para que o Honda e mais pareça um protótipo e não um carro de produção.
Com 3,9 m de comprimento o elétrico nipónico é na realidade maior do que parece nas fotos, tem praticamente o mesmo comprimento do Honda Jazz e exatamente os mesmos 2,53 m de distância entre eixos.
Habitáculo hi-tech
Se o exterior chama a atenção, o que dizer do interior. Para começar, aproximamo-nos do carro e os puxadores saem automaticamente do interior das portas da frente, os das portas traseiras estão escondidos nos pilares.
Sentados ao volante e deparamo-nos com um tablier completamente digital. Nos extremos do tablier temos dois ecrãs, temos ainda o do painel de instrumentos e mais dois ecrãs ao centro. No total, são dois ecrãs de 6“que substituem os espelhos retrovisores, um ecrã de 8,8” no lugar do painel de instrumentos e dois ecrãs de 12,3”, um para o condutor e outro para o pendura. A estes cinco ecrãs junta-se o do espelho retrovisor interior, este tanto pode ser utlizado de forma tradicional como espelho ou projetar a imagem recolhida pela câmara traseira. Os dois centrais têm seis atalhos digitais, podemos usar aplicações diferentes, escolhermos qual a janela que queremos ver e podemos trocar os ecrãs entre si, ou seja, ver a navegação (sistema da Garmin) no da direita e o rádio na esquerda ou vice-versa, por exemplo. Quando estamos parados, podemos transformar os dois ecrãs centrais num aquário, e até dar de comer aos peixes “digitais”. Ao dizer “OK Honda” vai aparecer-lhe uma cara que vai executar os seus comandos.
No habitáculo temos diversas fichas: USB, duas entradas 12 v, uma tomada de 230 v e até uma ficha HDMI, ou seja, podemos ver filmes ou ligar uma consola de jogos no ecrã do carro enquanto estamos a carregar a bateria, por exemplo.
O espaço a bordo é mais do que pode parecer à primeira vista, embora quem meça mais de 1,75 viaje à justa nos bancos traseiros, nada de preocupante pois certamente o Honda e não será utlizado para grandes viagens. A bagageira tem apenas 171 litros que podem chegar a 861 litros com o banco traseiro rebatido.
A ausência de espelhos retrovisores exteriores requer alguma habituação, mas funciona na perfeição, os ecrãs estão muito bem localizados (na linha de visão do condutor) e a definição da imagem é excelente. Quando ligamos o pisca aparecem no respetivo ecrã umas marcas horizontais que facilitam na perceção da distância a que se encontra o carro que vem atrás de nós.Já o espelho retrovisor interior, quando utlizado com a câmara traseira requer mais atenção pois neste é mais difícil perceber a que distância circula a viatura atrás.
Além dos ecrãs táteis, o Honda e tem ainda alguns comandos físicos, como os da climatização e algumas teclas de atalho no centro do tablier, incluindo um sempre útil botão para o volume. A consola central revestida a uma peça que imita madeira possui os botões da caixa (D, P, R), os modos de condução e um “e-pedal” que permite conduzir quase sem utilizar o travão convencional.
Em termos de materiais, predominam os plásticos duros no tablier, complementados com algumas peças a imitar madeira e revestimentos têxteis nas portas. No geral a construção aparenta ser sólida e capaz de adiar os sempre desagradáveis barulhos parasitas.
Ao volante: sempre com um sorriso
A posição de condução é algo elevada, mesmo com o banco na sua posição mais baixa, fruto da altura do piso (as baterias estão posicionadas sob o piso). Os bancos, revestidos num tecido de boa qualidade são muito confortáveis, oferecendo um suporte q.b. O volante tem boa pega e é facilmente ajustável.
O utilitário electrico da Honda está disponível com dois níveis de potência, podemos escolher entre os 136 cv da versão Honda e ou os 154 cv versão Honda e Advance, foi precisamente a mais potente que conduzimos. Em ambas a velocidade máxima está limitada a 145 km/h, sendo que o binário também é o mesmo 315 Nm.
Embora seja “concentado” de tecnologia o Honda e é muito fácil e divertido de conduzir. Naturalmente que o seu terreno preferido é o ambiente citadino, graças às reduzidas dimensões e ao raio de viragem de apenas 4,3 metros, o Honda e é excecionalmente manobrável nas ruas mais estreitas da qualquer cidade. Estacionar é ainda mais simples, graças às camaras 360º e ao sistema de sensores de estacionamento Honda Parking Pilot que pode realizar cinco manobras de forma automática.
A suspensão, independente nos dois eixos, filtra com competências as habituais irregularidades das estradas, conseguindo um bom compromisso entre conforto e dinâmica de condução. Isto também se deve à correta distribuição de peso 50/50 e ao baixo centro de gravidade do pequeno Honda. Fora da cidade o comportamento não desilude, se necessário podemos escolher o modo sport para ter uma direção mais pesada e uma resposta mais rápida do acelerador. Em autoestrada o conforto mantem-se assim como o bom isolamento acústico.
Como em qualquer modelo elétrico não podemos deixar de referir a autonomia, a marca anuncia 210 Km para esta versão (220 na versão de 136 cv), um valor que só em condução exclusivamente citadina será possível alcançar ou ultrapassar. A questão da autonomia é o primeiro dos “calcanhares de Aquiles” do Honda e, mas a marca optou por escolher uma bateria apenas com 35,5 kW de capacidade útil, logo não permite grandes veleidades. Provavelmente os 200 Km até são suficientes para a maioria dos utilizadores, e atualmente os carregadores públicos estão a aparecer por todo o lado, o problema do Honda e é que a maioria dos concorrentes oferece autonomias superiores aos 300 Km e preços de aquisição mais baixos.
A bateria de 35,5 kWh precisa de cerca 30 minutos para carregar até 80% do total, isto num carregador rápido (50 kW). Numa wallbox de 7,4 kW (32 A), são necessárias 4,1 h para atingir os 100%, enquanto numa tomada doméstica este valor aumenta para cerca de 18 h.
Como já referimos a autonomia é um dos “calcanhares de Aquiles” do Honda e, o outro é o preço, são precisos cerca 36.000 euros ou 38.500, dependendo da versão para levar o Honda e para casa, se optarmos pela campanha de financiamento da marca o preço desce cerca de 4000 euros. Ainda assim um preço elevado e que infelizmente faz do Honda e um carro elitista, o que é uma pena pois é um dos carros mais divertidos que já conduzimos e com um design que não deixa ninguém indiferente. O Honda e está disponível para ensaio no concessionário Litocar em Santa Maria da Feira.