O executivo municipal aprovou maioria (com abstenção do presidente e vereadores do PS) a moção apresentada pelos vereadores do PSD “Requalificação Linha do Vouga: um investimento para 100 anos” que defende que seja recomendado ao Governo a reconversão da Linha do Vouga (que terá um investimento total de mais de 100 milhões de euros) sem necessidade de mudança de comboio em Espinho. O mesmo é dizer que haja uma ligação direta ao Porto, e que bitola métrica seja substituída pela bitola ibérica, uma solução que não reúne consenso. Esta moção segue agora para aprovação na próxima reunião de Assembleia Municipal, será também remetida às autarquias de São João da Madeira, Santa Maria da Feira, Espinho, Arouca e Vale de Cambra, bem com às duas maiores figuras do País (o Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República), ao Governo e aos Grupos Parlamentares na Assembleia da República.
Ficou assim cumprido o objetivo dos vereadores sociais-democratas com a apresentação desta moção. Carla Rodrigues, líder da oposição, considerou que “os órgãos autárquicos de Oliveira de Azeméis se deveriam pronunciar, dizendo exatamente aquilo que nós queremos”. “Temos de alterar o governo para a importância da situação para a nossa região”, conclui.
“A mudança de bitola faz sentido se houver uma poupança efetiva de tempo de viagem”
Joaquim Jorge, presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
Abstenção, mas com opinião vincada
Joaquim Jorge absteve-se na aprovação para não oficializar a sua posição que é contraria àquela que vai ser tomada pela Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTS) e que irá ser pública em breve, embora tenha revelado claramente a sua opinião. “O único presidente de câmara que entendeu que a manutenção da bitola métrica não era uma solução para mobilidade desta região fui eu, e pedi que esta posição ficasse registada em ata”, revela o autarca.
Em conversa com azeméis.net, Joaquim Jorge disse haver vários motivos que o levam a tomar esta posição diferente aos seus colegas da AMTSM. Entre eles está, por exemplo, a antecipação dos problemas na aquisição de materiais para a manutenção da linha, uma vez a Linha do Vouga é a única que usa a bitola métrica.
Outros dos argumentos usados pelo autarca na última reunião de executivo municipal foi o de que com a bitola ibérica o tempo de viagem reduziria drasticamente. Os documentos técnicos contrariam esta ideia. “Surpreendentemente para mim, embora não esteja convencido, dizem que a mudança para a bitola ibérica não reduzirá o tempo de viagem. Ou não reduzirá significativamente. Não é sensato que se gaste 100 milhões de euros para se poupar quatro ou cinco minutos de viagem. Terão de demonstrar que é isto que acontece. A mudança de bitola faz sentido se houver uma poupança efetiva de tempo de viagem. Se não reduz o tempo de viagem, concordo com a manutenção da bitola métrica”, afirma.
O edil oliveirense também que considera importante e estratégico para um futuro não próximo que a Linha do Vouga esteja ligada à Linha do Norte: “Mesmo que não seja possível esta solução, há que prepara esta resposta para o futuro. Termos a possibilidade de ligar a Linha do Vale do Vouga à Linha do Norte parece-me importante”.