No âmbito do projeto de autonomia e flexibilidade curricular e de uma articulação interdisciplinar, entrosada com a parceria entre a Biblioteca Escolar e a Biblioteca Ferreira de Castro de Oliveira de Azeméis, e com o objetivo de lembrar o Dia Internacional das Vítimas do Holocausto, que se comemorou a 27 de janeiro, os alunos do 12º Ano do Agrupamento de Escolas Dr. Ferreira da Silva apresentaram a dramatização É isto o Homem?. Este trabalho colaborativo incidiu na temática do eugenismo social/racismo, fazendo referência à figura de Josef Mengele, “o anjo da morte”, e promoveu uma reflexão sobre os tempos “em que o homem foi/é uma coisa aos olhos de outro Homem”, emprestando voz e sentimento ao testemunho de Primo Levi, na obra É isto o Homem. De notar que esta evocação foi enriquecida com uma exposição de trabalhos e objetos de alunos dos diferentes níveis de ensino, alusivos aos temas do Holocausto e da Violência.
Efetivamente, esta iniciativa lembrou a Shoah, lembrou o quanto a comunidade judaica, entre outras vítimas (ex.: ciganos, deficientes, homossexuais…), sofreu com a discriminação, expropriação, trabalho forçado e extermínio a que foi submetida, em resultado de uma psicose coletiva, que se alimentava do antissemitismo e do imperialismo expansionista de uma Alemanha nazi.
Depois de ter sido apresentado à comunidade escolar, o trabalho foi dado a conhecer aos pais/Encarregados de Educação, de modo intimista, no auditório da Biblioteca Municipal, no dia 3 de fevereiro. Posteriormente, foi apresentado a toda a comunidade concelhia, no auditório Comendador Ângelo Azevedo da Junta de Freguesia de S. Roque, no dia 19 de fevereiro.
O desempenho dos alunos foi extraordinário, excelente, pois, em última instância, acabou por promover uma reflexão sobre o que é ser Homem/ Mulher e sobre qual o papel que todos nós, individual e coletivamente, queremos desempenhar na sociedade atual. O papel de carrasco? O de vítima? Ou o daquele que silencia? Nenhuma destas opções, já que qualquer uma implica a perda total da dignidade humana.
Com efeito, esta dramatização lembrou. Lembrou para não esquecer, num momento em que a guerra regressou ao palco da Europa e nos tem vindo a mergulhar num cenário de sofrimento, de crueldade e de horror, iluminando os seus fantasmas do passado. Uma Europa que se tem mostrado incrédula perante o total desrespeito pelos Direitos Humanos e pela soberania do povo ucraniano. Assim, não podia ser mais oportuno o trabalho dos jovens do 12º Ano, já que, colocando frente a frente o passado e o presente, veio alertar, contribuir e apelar à PAZ e à valorização da dignidade humana, que se pretende que seja intocável num futuro o mais próximo possível, pois “se queremos progredir não devemos repetir a história”, como disse Mahatma Gandhi.