A propósito do dia mundial da luta contra o cancro, que se assinala anualmente a 4 de fevereiro, importa sensibilizar para a sua deteção precoce. Constitui a segunda principal causa de morte a nível mundial, antecedida apenas pelas causas cardíacas. Na mulher, os cancros mais comuns são os do pulmão, mama e colorretal. Outros cancros ditos “ginecológicos” com impacto são o cancro do colo do útero, do endométrio e do ovário. Conhecer os fatores de risco pode ajudar a estabelecer estratégias preventivas e reconhecer sinais e sintomas pode ajudar à deteção da doença.
Que fatores de risco estão associados ao cancro ginecológico?
Mulheres que menstruaram pela primeira vez antes dos 12 anos ou que tiveram menopausas tardias (após os 55 anos), que nunca tiveram partos ou cuja primeira gravidez ocorreu após os 30 anos, que nunca amamentaram, mulheres mais altas ou com sobrepeso ou obesidade têm maior risco de cancro ginecológico. Nestas situações, pode estar indicado uma vigilância mais precoce ou mais frequente. Ainda mais atenção merecem as mulheres com história pessoal ou familiar de cancro e/ou que foram sujeitas a radioterapia.
Quais os sinais ou sintomas de alerta?
A perceção de um nódulo ou endurecimento mamário, alteração no tamanho, formato ou da pele da mama (vermelhidão ou aspeto “em casca de laranja”), alterações ou escorrência no mamilo, alterações da frequência, duração ou volume das menstruações, sangramentos genitais que surjam com as relações sexuais ou após a menopausa devem motivar uma avaliação médica.
A importância do diagnóstico precoce
Os rastreios consistem na realização de exames de diagnóstico na ausência de sintomas, permitindo o seu diagnóstico precoce. O rastreio do cancro da mama faz-se através da mamografia e, em algumas situações, a ecografia mamária pode ser necessária. No caso do cancro do colo do útero, o rastreio baseia-se na citologia (papanicolaou) complementado pelo teste do HPV (Vírus do Papiloma Humano). É também o único cancro ginecológico para o qual existe uma estratégia de prevenção primária com a vacina. As mulheres que ainda não tenham sido vacinadas devem discutir com os seus médicos este assunto. Apesar dos rastreios do cancro da mama e do colo do útero estarem desenhados para servirem a maioria da população, as mulheres podem (e devem) conversar com os seus médicos sobre os seus casos particulares. Para os cancros do endométrio e do ovário, infelizmente ainda não existem estratégias de rastreio validadas cientificamente, contudo a ecografia ginecológica, em particular por via transvaginal, pode permitir detetar alterações precoces destes órgãos.
Ao diagnóstico de qualquer cancro ginecológico é fundamental que se siga, com celeridade, um tratamento adequado. A diminuição da mortalidade verificada nas últimas décadas parece estar fortemente ligada a uma melhoria dos tratamentos aos cancros detetados precocemente.