André Tavares, uma das grandes referências do futebol da UD Oliveirense, faleceu este domingo, dia 23 de junho, aos 88 anos, avança o ex-presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Hermínio Loureiro, e também um dos companheiros do ex-capitão na equipa de Veteranos do clube.
“Umas das grandes referências da União Desportiva Oliveirense, alguém que durante muitas épocas envergou a braçadeira de capitão. Rezam as crónicas que os livres marcados pelo Senhor André eram meios golos, pois a sua eficácia era temida pelos adversários”, escreveu Hermínio Loureiro nas redes sociais. Representou o clube durante 19 épocas e foi um dos pilares da equipa de futebol da UD Oliveirense que se sagrou campeã da 3.ª Divisão Nacional na época de 1957/1958, tendo marcado o golo decisivo no jogo de desempate.
“Uma pessoa extraordinária que mais tarde se juntou à família dos Veteranos, jogando com calma mas quase nunca errava um passe. Gostava de dar conselhos aos mais novos e era um grande contador de histórias. A Oliveirense acaba de perder um dos seus Melhores”, acrescenta.
A homenagem merecida
Oliveira de Azeméis fica mais pobre evidencia o antigo autarca que diz espera que as autoridades locais possam presta a homenagem merecida.
“Espero que as autoridades locais possam perpetuar a sua memória atribuindo o seu nome a uma Rua na cidade e o seu clube do coração possa organizar um evento/torneio que atribua o seu nome : Torneio André Vicente Tavares”, recomenda.
Uma resposta
Jamais esquecerei os jogadores que formaram uma das mais famosas equipas da história do União Desportiva Oliveirense (UDO) de sempre no final da década de 1950 e início da década de 1960: o então veterano e glorioso guarda redes Teixeira, mais tarde substituído pelo jovem de então Ferdinando, que era irmão dos defesas Pinho I, Pinho II e do seu primo Armindo, pequeno em estatura física mas enorme em raça, espírito de luta); na linha média, estavam Júlio Pinto e André, ambos com futebol elegante e de classe superior; na avançada, estavam então, na ala direita, o Martins, a interior do mesmo lado o tecnicista Brandão (que não era muito dado a grandes esforços e que, por esse motivo, levou o capitão da equipa (Joaquim) Pinho I, durante um jogo importantíssimo (em disputa estava a subida à II divisão nacional, contra o União de Coimbra), a mandá-lo para o balneário tomar banho mais cedo, o que foi um choque para o atleta e todos quantos assistiam ao jogo), ao centro estava o quebra cabeças das defesas adversárias Santos (seguido de Valente, que foi um goleador nato), Celso e Humberto (seguido de Santos II). Estava eu a cumprir o serviço militar em Mafra, era impressionante a forma como a essa equipa goleava o Chaves, Braga, Varzim, Beira-Mar, Sanjoanense, Espinho, Feirense, Peniche (que na altura tinha excelente equipa) bem como outros clubes que também disputavam o campeonato II Divisão. No final da primeira volta, o UDO liderava folgadamente a tabela classificativa, com cinco pontos de vantagem. Os seus adeptos andavam tão eufóricos e a pensar na subida do clube à I divisão nacional que isso “assustou” a sua direção; e o seu secretário, Emidio do Amaral de seu nome, nessa altura muito conhecido nos meandros do futebol, em especial na Associação Distrital de Aveiro, veio logo pôr “água na fervura” dizendo que o UDO e Oliveira de Azeméis não tinham hipóteses de aguentar a equipa no escalão maior do futebol nacional! A partir daí, os jogadores sentiram que não podiam sonhar alto e perderam o seu ritmo de jogo que tanto tinha despertado a atenção de todos os seus adeptos e amantes de futebol bem jogado. André era o maestro da equipa a meio campo, exímio na marcação de livres e penalties; Celso era o cérebro a dar sequência ao jogo de André; Santos (um bom avançado que teve a pouca sorte de falecer cedo), foi substituído por Valente, uma “máquina” de fazer golos, na finalização das jogadas criadas pelos “playmakers” André e Celso.
Durante esse período, Pinho II, André, Celso e Valente despertaram a cobiça de clubes grandes da I divisão nacional, acabando o primeiro deles por sair para o Beira Mar, onde ficou para sempre, pois foi sempre o “bombeiro” da defesa, destruindo os ataques das equipas adversárias com uma facilidade enorme devido à sua visão de jogo, estatura e velocidade. Todos eles foram grandes jogadores que ficaram na história do clube e infelizmente todos já faleceram. É triste mas é a lei da vida. Tal como foi desejado aos que partiram antes, tenho a certeza que André ficará para sempre na memória de todos enquanto essa mesma memória não se apagar à medida em que o fim do ciclo de cada um se vai aproximando. Sentimentos à sua família e que sua alma descanse em paz, são os desejos deste oliverense que, felizmente, ainda tem a felicidade de continuar a ter memória destes heróis do passado do União Desportiva Oliveirense!