Terça-feira, 3 de Dezembro de 2024
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Miguel Martins, um homem da Liberdade

> Faleceu o oliveirense que fez parte integrante da coluna de Salgueiro Maia na revolução de Abril.

“Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os sociais, os corporativos e o Estado a que chegámos, Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o Estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”

Foi desta forma que o capitão de Abril, Salgueiro Maia, se dirigiu aos jovens militares da Escola Prática de Cavalaria em Santarém. Eram sensivelmente 01H30 horas  da madrugada do dia 25 de Abril de 1974.

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Miguel Martins 1º cabo condutor de AML, um jovem militar de apenas 21 anos, não hesitou. Saiu e formou.  Tomou a decisão de lutar por uma causa nobre. E naquela madrugada fez parte integrante da coluna de Salgueiro Maia. Foram 240 homens: um esquadrão de reconhecimento com 10 viaturas blindadas, um outro esquadrão de atiradores com 12 viaturas de transporte de pessoal, 2 ambulâncias e 1 jipe. Eram 03H30 da madrugada saíram de Santarém e seguiram para Lisboa e marcharam sobre a ditadura. O Miguel Martins entendeu que o que o que estava em causa, era a liberdade de um povo, refém de uma ditadura com quase meio século, que o não respeitava e oprimia, e onde os jovens, na idade dos sonhos e fantasias eram mandados combater para uma guerra que durava há 13 anos.

E foi a liberdade e a guerra colonial que nos aproximou. Juntos partilhámos tertúlias, dando testemunho das nossas experiências de vida, do valor da liberdade e da necessidade de todos os dias lutar por ela. Foi nessas tertúlias que pude aferir  da sua  dimensão ética e do valor da amizade. Foi nesses encontros que me  permitiu conhecer um homem que num corpo franzino, incorporava os valores da Liberdade, da Lealdade e da Solidariedade. Era um homem sereno e tranquilo o Miguel. O herói de uma causa nobre deixou-nos aos 71 anos.  Foi a sepultar no cemitério de Macinhata da Seixa, concelho de Oliveira de Azeméis, no dia 7 de junho.

*Por Olímpio Costa

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