O percurso profissional de Manuel Matos Barbosa foi reconhecido pelo Rotary Club de Oliveira de Azeméis num almoço que reuniu mais de 50 pessoas no restaurante Montebelo, em Nogueira do Cravo. A vida e obra do cineasta “misturam-se com a cultura oliveirense”. Considerando que não merecia tal distinção, Manuel Matos Barbosa não escondeu a emoção. “E uma homenagem tocante que me deixa vontade de continuar”, disse Manuel Matos Barbosa no seu pequeno de discurso.
Homem de poucas palavras, na hora da emoção, o cineasta e amante de muitas outras artes, como o desenho e o cartoon (havia obras suas expostas à entrada do restaurante onde decorreu a homenagem), Manuel Matos Barbosa expressou-se com a simplicidade de afetos, partilhando pequenas estórias dos conterrâneos mais simples e dos usos e costumes oliveirenses, bem como o património e valores de Oliveira de Azeméis. Aproveitou para sublinhar que estes devem ser defendidos e preservados.
Recordou como a paixão pela sétima arte começou a crescer ao lado do seu amigo António Matias, com quem partilhava revistas de especialidade e conhecimento sobre o mundo do vídeo.
Pessoa que personifica a pujante sociedade oliveirense
O Rotary Clube de Oliveira de Azeméis escolheu Matos Barbosa como merecedor do reconhecimento profissional de 2024 por ser “uma pessoa que personifica o que foi a pujante sociedade oliveirense do séc. XX, do comércio e indústria locais, e a forma singular como ela desenvolveu uma cultura própria e que foi uma referência na região norte de Portugal”.
João Rebelo Martins foi o responsável rotário pelo elogio formal destacou o trabalho feito por Matos Barbosa através do cinema, a sua paixão maior, com o retrato do quotidiano das gentes locais e das vivências e tradições, em estilo neorrealista que ficou para a posterioridade. Definiu-o como “um homem único e cativante”.
“Um homem que acrescenta algo de bom à vida”
O “senhor Matos Barbosa” é credor da admiração de autarcas, dirigentes associativos, e da comunidade oliveirense. Isso ficou patente nas intervenções ao longo da homenagem. A ex-vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Ana de Jesus, é companheira do cineasta oliveirense no Clube de Leitura da Biblioteca Municipal Ferreira de Castro.
Em representação do clube ofereceu uma pequena lembrança, e testemunhou a experiência própria sobre a sua personalidade. “E alguém que acrescenta algo de bom à vida que com ele convivem”, sintetizou.
O perfil do cineasta
Manuel Matos Barbosa nasceu em Oliveira de Azeméis, em 1935, e desde muito cedo foi cativado pelo mundo cinematográfico, com a ajuda de livros e revistas sobre o setor. Tinha 19 anos quando se juntou ao cineclube local e, com a compra da primeira câmara, de oito milímetros, começou a rodar pequenos filmes.
A sua primeira obra, em 1959, foi sobre as Festas de La Salette. Com o passar dos anos, encheu o seu currículo com novas obras que abordava, os eventos e o modo de vida da comunidade.
O seu primeiro filme realizado como profissional. “A Ria, a Água e o Homem”, só chegou em 2009 feito a convite de António Costa Valente, do Cineclube de Avanca, também presente no almoço de homenagem ao cineasta oliveirense, na sequência de uma exposição de desenhos sobre a Ria de Aveiro. Em 2013, “O Antiquário” acumulou o seu acervo cinematográfico.
Integrou o “Grupo de Aveiro” com Vasco Branco e Manuel Paulo Dias, grupo de cineastas amadores que meteu mãos à obra para provar que no distrito também se fazia cinema de qualidade. Depois, Manuel Matos Barbosa juntou-se às organizações do CINANIMA, do Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, e do Festival de Cinema de Avanca.
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Livro já foi publicado
No início de fevereiro foi apresentação do livro “Manuel Matos Barbosa – o desafio de realizar”, da autoria de Augusto Baptista, no Café Gama, em Oliveira de Azeméis. Retrata Oliveira de Azeméis na segunda metade do século XX da segunda metade do século passado.