Sexta-feira, 29 de Novembro de 2024
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A nova vida do Centro de Dia de Nogueira do Cravo… que a Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira adquiriu por 217 mil euros

> Reportagem. Após três décadas a ser gerido pelo Centro Social e Paroquial da freguesia, o Centro de Dia de Nogueira do Cravo, que acolhe apenas sete utentes, encontra-se agora sob alçada da Santa Casa da Misericórdia de S. João da Madeira.
Para já, ainda são poucos  os idosos que frequentam o  Centro de Dia de Nogueira de Cravo Há muitos utentes que não regressaram devido à pandemia
Para já, ainda são poucos os idosos que frequentam o Centro de Dia de Nogueira de Cravo Há muitos utentes que não regressaram devido à pandemia

19 de maio de 2022. Os ponteiros do relógio apontam para as 10h00. O sol brilhava lá fora, mas também dentro do salão de convívio onde a nossa reportagem esteve com alguns utentes e colaboradoras que se encontravam a fazer atividades.

Desde que a Santa Casa da Misericórdia (SCM) de S. João da Madeira comprou o edifício do Centro de Dia de Nogueira do Cravo, por cerca de 217 mil euros, e fez um protocolo com a Segurança Social tendo em vista o funcionamento das valências, não há “dias cinzentos”. E isto, mesmo que o céu esteja nublado ou até chova. Estamos na fase do bom tempo”, garantiu Ilda Silva ao Azeméis.Net, visivelmente feliz com esta ‘nova vida’ do Centro de Dia.

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A diretora técnica faz parte da mobília da casa, digamos assim. Começou a trabalhar no Centro Social e Paroquial (CSP) de Nogueira do Cravo há coisa de 30 anos, ainda o Centro de Dia “estava em construção”. Foi ela, aliás, que fez “todo o trabalho de angariação de utentes para que quando [o Centro de Dia] abrisse tivéssemos a casa com alguns idosos”.

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“A Misericórdia é um mundo, mas é um mundo onde nós cabemos”

Desde 1 de abril deste ano que Ilda Silva dirige apenas o Centro de Dia, mas chegou a ser diretora técnica de todo o Centro Social e Paroquial, construído de raiz nas imediações da Igreja, nos anos 80, para um Infantário com Creche e Pré-Escolar, a que se juntou, pouco tempo depois, o ATL, precisamente, por iniciativa da Fábrica da Igreja de Nogueira do Cravo (Comissão Fabriqueira).  A estas respostas sociais viriam a somar-se, mais tarde, o Centro de Dia, o Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) e o Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS), em funcionamento em instalações próprias também criadas para o efeito, situadas paredes-meias com o Jardim de Infância de Nogueira do Cravo, a escassos metros da Casa das Associações.

Ilda Silva esteve ao serviço do Centro Social e Paroquial durante três décadas. Agora, trabalha para a SCM, não escondendo satisfação “por estar a ser escrita uma nova página da história da instituição”. Desde abril até ao momento, o balanço que faz “é positivo”, chegando a afirmar que, “comparada com o Centro Social, a Misericórdia é um mundo, mas é um mundo onde nós cabemos”.

Em declarações ao nosso jornal, Ilda Silva mencionou ainda que “mais do que querer ter um emprego, queríamos que se mantivesse aqui uma instituição que foi criada de raiz com a ajuda de muitos nogueirenses”, daí que com esta solução terem tido “uma sensação de alívio, mas também de missão cumprida, uma vez que continuamos a ter um emprego e também a prestar serviços aos idosos”.

As portas do edifício sede do Centro Social, onde funcionavam a Creche, o Pré-Escolar e o ATL, acabaram por se fechar. Manteve-se apenas o outro imóvel, na Rua Engº Fernando Soares David – com o Centro de Dia, SAD e SAAS – que a Misericórdia adquiriu. As duas primeiras respostas sociais estão já sob alçada da instituição sanjoanense, no âmbito de um acordo estabelecido com a Fábrica da Igreja e o CSP e com a frequência dos seus utentes a ser comparticipada por acordos de cooperação com a Segurança Social.

Mais do que querer ter emprego, queríamos que se mantivesse uma instituição que foi criada de raís

Ilda Silva, diretora técnica

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Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social em ‘stand-by’


Neste momento, “o SAD está a correr bem”, reforçando o serviço que já era prestado pelo Complexo Social de Fajões. Mas o Centro de Dia só tem sete utentes. Um número reduzido que, de acordo com os responsáveis com quem a nossa reportagem chegou à fala, se deve sobretudo ao medo da Covid-19. Ao fim de mais de dois anos de pandemia, os idosos ainda receiam pela sua saúde/vida. Dizem que regressam, mas só “quando tudo isto passar”.

Quanto ao SAAS, “ainda não veio para as mãos da Misericórdia”, mas a expectativa final é mesmo essa: a de que virá após transferência desta competência da Segurança Social para a câmara municipal e eventualmente da edilidade para a SCM, como adiantou, por sua vez, o diretor de serviços da SCM ao Azeméis.Net. “Já falámos com a vereadora Inês Lamego em reunião Zoom, que nos teve o cuidado de dizer que, não tendo ainda a câmara tomado uma decisão, a expectativa é replicar o modelo” que está a ser seguido pela generalidade. Ou seja, “algures até ao fim do ano teremos três respostas sociais em Nogueira do Cravo”, incluindo o SAAS, conforme vaticinou Victor Gonçalves.

Ainda a propósito do SAAS, este serviço apoia e acompanha “entre 60 a 70 beneficiários” em situação de vulnerabilidade social, oriundos da União das Freguesias (UF) de Nogueira do Cravo e Pindelo e não só.  O seu trabalho não se esgota nas pessoas e/ou famílias que tenham carência económica ou na distribuição de alimentos, indo muito mais além.

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A condição da SCM de São João da Madeira à Diocese do Porto


Antes de comprar o Centro de Dia de Nogueira do Cravo, a Misericórdia de S. João da Madeira já havia feito uma aquisição do género no concelho de Oliveira de Azeméis, embora por um valor bem mais elevado. Concretamente, tinha adquirido o Complexo Social de Fajões por 1,2 milhões de euros, a 1 de março de 2018, evitando assim o encerramento do então Centro Social Drª Leonilda Aurora da Silva Matos e a ida para o desemprego de dezenas de funcionários, conforme foi noticiado na altura.

Aliás, segundo José Pais Vieira, este foi um dos temas da conversa entre o próprio e o bispo do Porto, D. Manuel Linda, em dezembro de 2019, numa reunião com os provedores das Misericórdias da Diocese do Porto que teve lugar no Paço Episcopal. “O bispo costuma convidar os provedores da Diocese para, na altura do Natal, irem até ao Paço e conversarem um pouco acerca da vida das Misericórdias, das suas dificuldades, etc.”, explicou o Provedor da Santa Casa, completando: “E o bispo disse imediatamente que o tinha de ajudar a resolver um problema mais pequeno, mas similar em Nogueira do Cravo”.

Acontece que, sabendo que já havia conversações sobre o assunto entre a Diocese e a Misericórdia de Oliveira de Azeméis, Pais Vieira fez saber que “não podia meter no meio”, e que só estaria disponível para avançar com uma possível solução se a Diocese do Porto não chegasse a acordo com a congénere oliveirense. “E, de facto terá sido o que aconteceu porque em meados de janeiro de 2020 já me estavam a telefonar”, assegurou o Azeméis.Net.

Entretanto, “fomos para Nogueira do Cravo estudar tudo e apresentámos uma proposta que foi vista com bons olhos” e aceite. Volvidos dois anos e uns meses, e apesar do número de utentes do Centro de Dia estar aquém do ideal, “não estamos arrependidos”. “Acreditamos que vai melhorar a frequência [desta valência], porque a pandemia não pode ser eterna”, assegurou o Provedor.

Não estamos arrependidos. Acreditamos que vai melhor a frequência porque a pandemia não pode ser eterna

José Pais Vieira, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira
José Pais Vieira, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira
Ilda SIlva, diretor tácnica

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Sem objectivo de mais aquisições, mas..


Para já, a SCM não tem outra compra idêntica em vista. “Não andamos à procura”, clarificou Pais Vieira. Mas o mais provável é que isso venha a suceder. Não fosse este “um período difícil para as Misericórdias e todas as outras instituições de caráter social”. “O Estado tem atuado de uma maneira que estrangula estas entidades”, acusou.

E “se acontecer, se nos baterem à porta, e forem daqui próximos de S. João da Madeira, estudaremos atentamente o caso”. Até porque, em seu entender, “se é para fazer como os outros, mais vale estar quieto. Temos de fazer mais e melhor”.

PORMENORES

€217 mil
Valor pago pela Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira para a aquisição do edifício do Centro de Dia de Nogueira do Cravo situado  Rua Engº Fernando Soares David.

À espera do SAAS
O Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social é uma valência que ainda não está nas mãos da Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira, mas a vereadora com o pelouro da Ação Social já deu a garantia de que, não havendo ainda uma decisão, há a expectativa de fazer a passagem da competência.

Silêncio
Durante esta reportagem tentámos obter esclarecimentos e explicações por parte do executivo da autarquia de Oliveira de Azeméis e do Centro Social e Paroquial sobre a nova realidade do Centro de Dia de Nogueira do Cravo mas ambas as entidas prefiram não comentar. 


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Gaspar Almeida, presidente da UF Nogueira do Cravo e Pindelo: “Foi a solução certa”

Confrontado com esta realidade, o presidente da União de Freguesias de Nogueira do Cravo e Pindelo, disse que, “como cidadão nogueirense e simples observador”, sentir “grande desânimo por assistir à ascensão e queda de uma instituição desta dimensão, geradora de grande dinamismo na freguesia”. Já enquanto autarca, é da opinião que “a aquisição do Centro de Dia pela Santa Casa da Misericórdia de S. João da Madeira foi a solução certa, pois trata-se de uma instituição de grande prestígio nesta área, com grande experiência de gestão em respostas sociais, o que permite aos nogueirenses continuar a acreditar num envelhecimento saudável, com a qualidade de vida a que têm direito”.

*Artigo publicado na edição número 4 do jornal Azeméis.Net

+Saber Mais: Edifício Sede do Centro Paroquial encerrado e ainda sem solução

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