O partido PAN (Pessoas Animais Natureza) visitou no último domingo, 23 de janeiro a Casa-Museu Ferreira de Castro e ouviu o presidente da direção do Centro de Estudos Ferreira de Castro (CEFC), Carlos Castro, que relatou que a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e a Junta de Freguesia de Ossela têm a decorrer um concurso para a construção de um Centro Interpretativo de Ferreira de Castro, cujo projecto irá descaracterizar e até adulterar o património edificado – a casa de nascimento do escritor – “lesando, assim, o património cultural e ambiental dos oliveirenses e de todos os portugueses”, informou o partido em comunicado enviado ao Azeméis.Net.
O escritor deixou em doação à Autarquia de Oliveira de Azeméis de então, a 30 de dezembro de 1967, que aceitou, sem quaisquer restrições, as disposições expressas pelo doador. A referida doação impõe como condição a defesa e manutenção da identidade do património edificado e da área verde circundante. Ana Gonçalves, número dois da lista do PAN por Aveiro à Assembleia da República, que encabeçou a comitiva, afirmou que o seu partido concorda com a iniciativa de se constituir um centro interpretativo que preserve e divulgue a obra do escritor, contudo, afirma, “não podemos deixar de denunciar a descaracterização que as obras vão provocar ao património edificado doado à Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis em 1967”.
E continua: “Sem pretendermos colocar em causa a qualidade do projeto arquitetónico apresentado, reiteramos que o mesmo não incorpora minimamente a vontade manifestada por José Maria Ferreira de Castro, resultando em um evidente desrespeito ao seu importante e singular legado”.
No comunicado enviado ao Azeméis.Net, o PAN considera que “começar o projeto de preservação do património e obra de Ferreira de Castro com um atentado à sua identidade e herança memorial, que o próprio sublinhou no auto de doação, parece, no mínimo, contraditório”.
“Note-se que Ferreira de Castro é filho da terra e que doou o seu património aos Oliveirenses. Consequentemente, este atentado à identidade da casa onde nasceu, revela também um desprezo pela população de Oliveira de Azeméis”, acrescenta o PAN.
Em conclusão, o PAN clarifica que neste processo “apoia que se respeite a legalidade e os interesses defensáveis e que signifiquem progresso e bem-estar social”. Por outro lado, defende também que “as cidades e as regiões comprometidas com o futuro terão de pugnar pela defesa e implementação local de práticas sempre mais verdes”.
O PAN promete continuar “atento ao desenvolvimento deste projeto, apelando mais uma vez para que a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e a Junta de Freguesia de Ossela reconsiderem e cumpram escrupulosamente o que está consignado no documento de doação, suspendendo o projeto de construção, para que seja possível a sua reavaliação, com base no cumprimento integral da vontade do doador”.