A CP – Comboios de Portugal revelou à agência Lusa que contabilizou em 2020 um total de 337.270 passageiros, o que representou 398.823 euros em “rendimentos de tráfego”, quando falava sobre o desempenho da Linha do Vouga. Parte desses passageiros viajaram, contudo, em táxis pagos pela CP, uma vez que no troço de 28 quilómetros entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga, no concelho de Águeda, a via-férrea não reúne condições de segurança para a normal circulação de comboios e está desde 2013 interditada a carruagens que transportem público.
A Lusa quis também saber o número de clientes que utilizaram o serviço de táxi em alternativa ao comboio e qual foi o custo global dessas viagens para a CP, mas a empresa não respondeu às questões sobre o assunto. Referiu apenas que a despesa com o serviço rodoviário de substituição por táxi “é feita ao abrigo do Código de Contratação Pública, uma vez que a CP integra o setor público empresarial do Estado”, acrescentando depois alguns pormenores sobre o funcionamento da respetiva bilhética.
“No sentido Espinho-Oliveira-Sernada, normalmente os bilhetes já foram passados pelo revisor do comboio e o motorista de táxi faz apenas a verificação dos mesmos. Se o cliente começar a viagem em Oliveira Azeméis, o motorista de táxi faz a venda do bilhete. Já no sentido Sernada-Oliveira-Espinho, é mais habitual ser o motorista do táxi a vender os bilhetes que depois são verificados pelo revisor no comboio”, explica a CP.
Quanto às obras esperadas para revitalização da linha que foi inaugurada em 1908 e cuja velocidade máxima não ultrapassa os 50 quilómetros por hora devido à bitola de apenas um metro entre carris, é a IP – Infraestruturas de Portugal que faz o ponto da situação, enquanto gestora das estruturas físicas afetas à ferrovia.
“A IP tem já a decorrer estudos de contexto em conjunto com as autarquias. O resultado desses estudos dará orientações para os projetos a desenvolver de seguida”, explica fonte da empresa pública, notando que desde início de 2021 está a decorrer o concurso público de 2,6 milhões de euros para “reabilitação da superestrutura da via entre Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis“.
Essa empreitada está inscrita no Plano de Reabilitação da Linha do Vouga, que, no global, prevê 34 milhões de euros para recuperação faseada de toda a ferrovia, o que incluirá “a substituição integral de carris, travessas e fixações, [nova] balastragem de via e [operações de] ataque mecânico pesado, bem como a automatização de passagens de nível”, inclusive no troço de Azeméis a Sernada, onde atualmente se efetuam apenas “circulações de caráter técnico“.