Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2025
Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2025

Carta aberta a José Barbosa

> O jornalista Samuel Santos escreve uma carta aberta ao capitão da equipa de basquetebol da UD Oliveirense, um ídolo de Azeméis.

“E com o número seis, o capitão, José…Barbosa!”

Meses antes do nascimento deste que vos escreve, um tal José Barbosa ingressou nos Mini 8 do basquetebol da União Desportiva Oliveirense. Decorria a época 1998/99, a União sonhava com o trono nacional e Aveiro – também à boleia de AD Ovarense e Illiabum BC – era já referência na modalidade. Descrito pelos mestres como um “miúdo talentoso”, José Barbosa também cresceu no Centro de Alto Rendimento do Porto e na Ovarense, onde se estreou na elite, escudado por “trutas” e líderes. Humilde e perspicaz, bastaram dez anos para escancarar as portas do destino.

Publicidade

E quem estava na equipa técnica dos vareiros? Um homem da casa, o professor Carlos Pinto. Voltas da carreira.

Por certo recordado das finais da Liga perdidas para FC Porto e Portugal Telecom, o “Zé” regressou à Oliveirense de sonho vincado, antes da mais épica era do basquetebol em Azeméis. Se 2016/17 – com o professor Zé Ricardo – foi ensaio geral, a temporada seguinte quebrou o centralismo, pela mão do professor Norberto Alves.

Naquele junho inesquecível que culminou numa festa imensa a partir da arena do FC Porto, o capitão João Abreu espelhava o sacrifício, entrega e paixão requeridos para vestir o vermelho e azul. Sem essa referência a partir de 2018/19, as atenções caíram, de vez, sobre José Barbosa, o líder para lá da inteligência tática.
Além dos títulos conquistados até 2021 – de Lisboa a Ovar – a ambição e humildade prevaleceram no capitão, alumiando o caminho e inspirando romarias.

“A história diz-nos que contos de fadas há muitos, (…) mas também nos diz que o segundo ano é muito pior. (…) Segunda-feira à noite, dia de trabalho, muitas pessoas meteram férias para vir a Lisboa, não sei quantos mais clubes o conseguiriam. Sei que o meu clube o consegue e estou muito orgulhoso.” – José Barbosa após a conquista do bicampeonato, junho de 2019.

Tive o privilégio de acompanhar os bastidores e de receber autênticas “masterclasses” – tudo começou num convite para integrar a comunicação da secção em fevereiro de 2018. Nenhum outro atleta me marcou tanto como José Barbosa, exemplo de liderança e ética. Se amo esta modalidade, devo-o muito ao eterno “6”.

Nos (des)encontros desta vida, a União e o “Zé” trilharam rumos díspares durante quatro anos, pelo que esta figura se revelou nébula sebastiânica. Até porque evoluiu para “papa títulos” e figura forte do SL Benfica europeu de Norberto Alves e Luís Catarino. Mas o regresso foi consumado em agosto de 2025.
Os adeptos rejubilaram ao verem o “6” nas devidas costas e até sentiram brisas de nostalgia e utopia, na certeza de que o capitão vai conduzir o grupo a bom porto, determinado a contrariar o centralismo. São estas figuras que contrariam a efemeridade e conquistam um lugar na eternidade. Ter o privilégio de levar o emblema da União Desportiva Oliveirense ao peito acarreta a responsabilidade de herdar um legado centenário.

“Estamos na Oliveirense para servir, não para nos servirmos.” – Norberto Alves

Meu caro José Barbosa. Escrever sobre o atleta e homem que és devolve-me a fantásticos anos de aprendizagem sobre uma modalidade que não sabia ser possível amar de forma tão frenética. O basquetebol tornou-se casa, até refúgio. Devo-o muito a ti. Mas como acontece a quem está destinado ao sucesso, o próximo capítulo será ainda mais grandioso. Por isso, coragem. Algo maior te espera, seja com a “redondinha” na mão ou noutras frentes.

José Barbosa, um senhor do desporto. Um ídolo de Azeméis. Eterno.

“E com o número seis, o capitão, José…Barbosa!”

Santiago de Riba-Ul, 23 de outubro de 2025

Facebook
Twitter
Email
WhatsApp

3 respostas

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Publicidade

LEIA TAMBÉM

Leia também

+ Exclusivos

Os ARTIGOS MAIS VISTOS