Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024
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A história inspiradora de José França, o Francinha: do calçado a mestre das massagens

José França colecionou 15 troféus em 33 anos de dedicação ao clube
José França colecionou 15 troféus em 33 anos de dedicação ao clube
José França colecionou 15 troféus em 33 anos de dedicação ao clube

José Manuel da Silva França é uma personalidade incontornável do desporto oliveirense, que é carinhosa e respeitosamente conhecido e tratado por Francinha. Nasceu a 22 de março de 1965, na cidade de Oliveira de Azeméis, e cresceu junto ao Parque de La Salette, onde passou parte da sua infância e também sonhava um dia vir a ser enfermeiro. Tem hoje 55 anos de idade, sendo que 33 anos (desde os 22, portanto) foram dedicados à secção de basquetebol da União Desportiva Oliveirense, uma paixão para a vida toda. Esta é uma história inspiradora de dedicação e lealdade a um clube.

A sua família era numerosa, pois são nove irmãos que cresceram em ambiente de dificuldade, mas ajudando-se uns aos outros lá foram ultrapassando as dificuldades, assumindo os mais velhos maiores responsabilidades. O Francinha começou a trabalhar desde muito novo e apesar de querer ser enfermeiro/massagista, foi nos sapatos que teve a primeira experiência profissional a sério. Na fábrica de calçado Gioconda aprendeu a arte dos sapatos que lhe deu muito jeito no cumprimento do serviço militar obrigatório no Montijo, onde tratou das botas e sapatos dos seus camaradas e superiores.

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Feita a tropa eis que regressa aos sapatos, mas existia outra paixão e o velho sonho para concretizar. A paixão era o desporto: futebol, hóquei patins, basquetebol, andebol e fundamentalmente a Oliveirense, clube do seu coração. Poucos devem saber, mas o Francinha começou na modalidade de hóquei patins a ajudar o Sr. Armando, conhecido pela sua relação com a farmácia Falcão que era o massagista da secção. Também passou pelo Futebol onde ajudou o Sr. Joaquim nas massagens dos jogadores da União.

Nesta passagem recorda com emoção os tempos do Prof. António Costeira como treinador do Hóquei e também como Presidente do clube.

E assim, ajudando o Armando e o Joaquim, lá procurava concretizar o sonho de ser enfermeiro/massagista e já nessa altura o Francinha fazia um pouco de tudo, era como se diz na gíria “pau para toda a colher”.

Também ajudou a secção de andebol que existiu no clube, e recorda com emoção e saudade o Sr. Daniel Coelho que era empresário da Saludães, e foi diretor e Presidente do clube que lhe pagou o primeiro curso de massagista desportivo que tirou no F.C.Porto, a melhor escola que existia na época.

Em 1988 renascia o basquetebol na Oliveirense (a fundação da modalidade remonta a 1933) após extinção da secção na ARCA – Associação Recreativa e Cultural de Azeméis, com o intuito de corresponder aos anseios de muitos jovens da nossa cidade e concelho que nutriam um particular interesse pela modalidade que apaixonadamente praticavam.

Aqui começava a grande aventura do Francinha. Foi com Jorge Casimiro como presidente da secção, e vice-presidente do clube, que assinou o primeiro contrato de trabalho com a UD Oliveirense. António Pinto era o treinador principal.

33 ANOS DE DEDICAÇÃO AO BASQUETEBOL

Só no basquetebol da União Desportiva Oliveirense já lá vão mais de 33 anos de trabalho, dedicação, muitas alegrias e também algumas tristezas.

Foi a secção de basquetebol que pagou a carta de condução ao Francinha, tirada na escola de condução do Carlos Duarte, que era também diretor do hóquei em patins, pois fazia parte do contrato assinado pela direção do Jorge Casimiro.

Carta de condução que viria mais tarde a dar muito jeito para ir ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto receber os jogadores norte americanos que vinham para a Oliveirense. O primeiro contacto em Portugal desses jogadores era o Francinha que procurava arranhar o inglês no meio de umas risadas que proporcionava logo uma boa relação.

As histórias do basquetebol são muitas, e algumas não são publicáveis pois 33 anos de relacionamento próximo com os jogadores dava um bom livro de memórias.

Treinadores foram muitos que se relacionaram com o Francinha e ainda mantém contacto com alguns, António Pinto, João Oliveira, Carlos Pinto, Carlos Cabral, Henrique Vieira, Rui Gradeço, Patrick Maucouvert, Orlando Simões, João Rocha, Ricardo Guimarães, Sérgio Salvador, Rui Alves, Zé Ricardo, Norberto Alves entre muitos outros para além de Valentin Melnichuk, Mário Palma, Mário Gomes na seleção nacional onde continua a ser também o faz-tudo, desde tratar dos equipamentos, motorista e também massagista.

Orgulha-se destas sucessivas chamadas à seleção nacional, convocatória assinada pela primeira vez pelo presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol Mário Saldanha, e agora pelo presidente Manuel Fernandes que requisita à União Desportiva Oliveirense os seus imprescindíveis serviços.

José França equipado a rigor com o fato da seleção nacional de basquetebol

Francinha recorda o Europeu de 2007 em Sevilha e o de 2011 na Lituânia e onde teve oportunidade de conviver com outros jogadores que não passaram pela “União” dos quais destaca o base José Costa como uma pessoa absolutamente extraordinária, com quem tem hoje uma boa relação de amizade.

Por falar em jogadores , o Francinha é amigo de centenas, mas quando lhe pedimos para referir um ou dois exemplos de maior proximidade, ele não hesita um segundo e nomeia o saudoso Vasco Nuno Alegria e o capitão José Ribas, duas grandes referências do basquetebol da Oliveirense. Não esquece os ensinamentos do fisioterapeuta João Madail que foi quem mais o marcou e ensinou. Recorda com emoção a conquista de um título de Juniores B num “extra” que foi fazer ao histórico Vasco da Gama que era treinado pelo Fernando Sá, um jogador que fez parte da sua carreira ao serviço do F. C. Porto.

Está habituado a ganhar, levantou na UD Oliveirense 15 troféus ao longo destes anos todos e claro está que não fica indiferente ao título de campeão nacional, pois para além dessa tremenda e inesquecível memória, ainda contava com o seu filho Rui França no plantel, ele que cresceu com o basquetebol, mas não se esqueceu de estudar vindo a concluir o curso de gestão de sistemas de informação, sendo o orgulho do seu pai.

Família, o pilar de José França. O filho, Rui França, é o seu maior orgulho.

Como já mencionámos, o Francinha tem muitas histórias, e algumas ele contou ao Azeméis Net, sendo uma delas bastante emocionante. Remonta a um momento em que viu o espanhol Welly Prieto com a camisola da Caçarola vestida no Dragão Caixa para apoiar a “União” nas bancadas, e os dois deram um abraço forte no meio de muitas lágrimas de emoção e alegria vertidas no momento.

O reencontro de José França e Welly Prieto

Também não esquece as viagens por essa Europa fora ao serviço das seleções e nas competições europeias onde ainda hoje recorda o medo sentido na Rússia, em Samara, quando as condições logísticas falharam totalmente, onde teve que procurar pão para os jogadores comerem, pão esse que era racionado pela população devido à crise política vivida no império soviético.

José Manuel da Silva França mora atualmente em Macinhata do Vouga, onde tem muitos adereços e recordações da sua Oliveirense orgulhosamente expostas na sua habitação. Não devem existir muitos exemplos destes, de dedicação a um único clube, União Desportiva Oliveirense e à modalidade de Basquetebol, um trajeto espetacular que merece ser conhecido e reconhecido pela comunidade em geral e especialmente para os amantes do desporto, pois por trás de uma equipa de jogadores, treinadores e diretores existem os outros que também podem fazer a diferença, e para nós o Francinha faz. Merece, por isso, que seja parabenizado pelo percurso e pelo trabalho desenvolvido.

José França recebe os amigos no seu refúgio, em Macinhata do Vouga, onde existem vários adereços e recordações da sua vida dedicada aos basquetebol
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