Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024
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A nossa mobilidade (pouco) sustentável

> Um ano depois, qual o balanço da UNIR? Opinião de Albino Martins, ex-vereador da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis.

Por força da neutralidade carbónica a atingir até 2050, a mobilidade sustentável está cada vez mais na ordem do dia. Os governos, sejam eles nacionais, regionais ou locais, já vão tomando medidas, umas com impacto ambiental efetivo, outras pelo menos com impacto na opinião pública…

Há alguns meses, a nossa Câmara Municipal fez uma apresentação do Plano da Mobilidade Urbana Sustentável. Um interessante e arrojado plano de intenções para a nossa cidade cuja aplicabilidade é posta em causa pelas próprias obras em marcha: como se pode retirar o trânsito automóvel do centro urbano se está em construção um ponto de paragem de autocarros no Mercado Municipal renovado, nesse mesmo centro?  

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Há quase um ano, a Área Metropolitana do Porto, a que pertencemos, chamou a si toda a rede de transporte público rodoviário dos 17 municípios e fez uma concessão por lotes num concurso internacional. O grande objetivo era criar um transporte público mais eficaz que contribuísse para a sua utilização mais generalizada. A intenção foi boa, mas as vicissitudes que são conhecidas têm contribuído para que a tendência de utilização de transporte individual se mantenha ou até agrave.

A intenção foi boa, mas as vicissitudes que são conhecidas têm contribuído para que a tendência de utilização de transporte individual se mantenha ou até agrave

Algum tempo antes, a Região de Aveiro tomou idêntica medida e teve a sorte de ser melhor sucedida na concessão que fez. No entanto, há deficiências que foram transversais às duas e não abonam a qualidade que se pretende do serviço, para que seja verdadeira alternativa ao transporte privado. Por sermos um concelho que faz fronteira entre as duas regiões, aqui se cruzam autocarros de um lado e doutro. Dá para comparar e para constatar algumas carências que afetam ambas as concessões: paragens dos autocarros com condições são muito escassas e com horários afixados não existem; informações sobre horários ou outras não se sabe onde obter; quando fora de serviço, os autocarros ficam nas ruas ocupando os insuficientes lugares de estacionamento de automóveis; a antiga gare privada, obsoleta mas ainda remedeio, depois do primeiro ameaço, fechou de vez e agora é o desenrasca…

A linha do Vouguinha, finalmente em obras para sul, voltará a transportar passageiros num percurso que esteve encerrado mais de 10 anos. Só que a implementação do Andante neste meio de transporte, no território da Área Metropolitana do Porto, não há maneira de passar de promessa e isso não incentiva nada o uso do comboio que temos.

Com este panorama nos transportes públicos que nos servem (mal), o transporte privado continua na frente das soluções de mobilidade. Numa intervenção pública sobre a temática, o nosso Presidente da Câmara afirmou que somos dos concelhos no país que mais usa o transporte privado. Pudera!

Por fim: durante dois ou três anos, a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, à semelhança de outras, ofereceu estacionamento grátis na cidade aos veículos elétricos, como forma de incentivar o transporte não poluente. Satisfeita com o crescimento do número destes veículos, decidiu já suspender o benefício a partir deste ano. Mas, atenção, o caminho da transição é ainda longo e já há indicadores de abrandamento dessa transição a nível mundial. Não será cedo para parar os incentivos?

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