Sábado, 2 de Novembro de 2024
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Verão sem riscos: cuidados a ter nas doenças crónicas

> Literacia em Saúde por Maria Manuel Valente, coordenadora de Medicina Geral e Familiar na Clínica CUF São João da Madeira.
Maria Manuel Valente, 
coordenadora de Medicina Geral e Familiar na Clínica CUF São João da Madeira.
Maria Manuel Valente, coordenadora de Medicina Geral e Familiar na Clínica CUF São João da Madeira.

O verão é sinónimo de calor e as alterações climáticas implicam temperaturas mais intensas e prolongadas. Não podemos descurar os efeitos nos doentes crónicos, uma vez que o agravamento das doenças crónicas pode ter implicações graves na saúde e levar à morte.

Saiba qual o efeito do calor nas diferentes doenças crónicas:

Diabetes: – Açúcares descontrolados provocam vasodilatação e diminuição da transpiração; – Dispositivos de medicação injetável estão sujeitos a alteração qualitativa e da quantidade de dose dispensada,  se não conservados a temperaturas adequadas.

Hipertensão: – O calor associa-se a vasodilatação com tendência a diminuição da tensão, o que pode propiciar AVCs isquémicos; – Pelo menos 4 grupos de medicamentos para a tensão arterial promovem a diminuição de água armazenada no organismo e podem conduzir à desidratação e doença cardiovascular fatal.

Arritmias (fibrilhação auricular): – Predispõe a eventos cardiovasculares, podendo ser precipitados pelo calor; – Medicamentos para desacelerar a frequência cardíaca interferem no mecanismo de adaptação ao calor.

Doenças respiratórias – asma e doença pulmonar obstrutiva crónica: – Aumento do ozono com diminuição do acesso ao oxigénio e  aperto dos bronquios, – Dispositivos/”bombas” inalatórias, com altas temperaturas, dispensam doses alteradas.

Doenças demenciais: –   Alterações de comportamento (diminuição da ingestão de água); –  Medicamentos antipsicóticos interferem nos mecanismos de adaptação ao calor.

Estando exposto a altas temperaturas e para se manter num equilíbrio saudável, o corpo humano tem de libertar o calor em excesso. Dada a maior susceptibilidade dos doentes crónicos, há que reforçar estratégias de libertação do calor.

A ingestão de líquidos deve ser aumentada, evitando álcool, cafeína e bebidas açucaradas. Deve permanecer em locais frescos, climatizados ou com vegetação e água. Para arrefecer o ambiente, o ar condicionado é a melhor estratégia, mantendo uma temperatura abaixo dos 28ºC. A ventoinha é uma alternativa, mas para temperaturas superiores a 37ºC, ao aumentar o calor captado pelo corpo torna-se prejudicial.

Se houver exposição ao calor (na atividade profissional, exercício físico ou nos passeios ao ar livre) deve evitar-se o período entre as 11h e as 18h.

É também necessário ter cuidado no armazenamento de medicamentos e dispositivos médicos que devem manter-se à temperatura adequada (porta-luvas são locais proibidos).

É de extrema importância assegurar um controlo eficaz das doenças crónicas para diminuir o impacto do calor nos mais vulneráveis e, por isso, esta é uma excelente altura para procurar o médico de família de forma a assegurar esse controlo e adaptar a medicação instituída.

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