A companhia de teatro oliveirense Bandevelugo iniciou o processo de criação da nova peça, “Tardo”, no início deste mês de fevereiro no auditório Diamantino Melo, em Carregosa. Quase duas centenas dezenas reuniram-se para prestar o seu contributo na recolha de depoimentos e memórias em torno do Tardo para ajudarem no processo de construção do texto da peça que tem estreia marcada para o mês de junho num espaço abandonado do concelho.
O Tardo, ou Trasgo, é a denominação para uma das muitas personagens místicas que ainda resistem pela memória dos portugueses. Este batismo, muito comum na região norte, sobrevive com registos escassos, e não fosse esta uma matéria de fantasia, com silhuetas completamente distintas de região para região, explica aquele que é o primeiro grupo de teatro profissional do concelho em nota enviada às redações. Fortemente ancorada aos costumes religiosos, o Tarde, que justificava a origem de enigmáticos ruídos noturnos, era um dos temas que preenchia os serões da população, exaltando nas metes a sedutora atração pelo mistério.
O encontro em Carregosa foi fortuito em ideias. “Correu muito bem. Agora estamos com outro problema. Temos tanta informação que o maior desafio será filtrar essa informação para passar ao argumentista da peça”, diz João Amorim, diretor da companhia Bandevelugo, em declarações ao Azeméis.Net.
O texto desta peça será um original de Afonso Cruz, e a interpretação será feita pelos atores João Amorim, Daniela Cardoso e Hugo Inácio. Este é um projeto apoiado pelo Fundo de Fomento Cultural, e a estreia está marcada para o mês de junho.
Embora a agenda ainda não esteja definida há algumas linhas orientadoras. “O espetáculo irá passar por duas freguesias do concelho de Oliveira de Azeméis, que não tinham recebido o espetáculo “A Tempestade”, e também iremos a Coimbra atuar. Queremos atuar em espaços que estejam abandonados no concelho. Por exemplo, as Minas do Pintor, em Nogueira do Cravo”, revela João Amorim ao Azeméis.Net.
Também está em cima da mesa que a peça “Tardo” suba ao palco em seis ocasiões. “É possível que haja três dias de atuação em cada freguesia – quinta-feira, sexta-feira e sábado”, conclui o responsável pela companhia de teatro oliveirense.