A prevalência da obesidade tem vindo a aumentar ao longo dos anos, de tal forma que a Organização Mundial de Saúde considerou ser a epidemia global do século XXI. Trata-se de uma doença crónica, multifatorial e complexa. Depois do tabagismo, é atualmente considerada a segunda causa de morte de possível prevenção. E o que dizer da população portuguesa? Um estudo realizado pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação na população adulta concluiu que 38,2% das mulheres e 64,5% dos homens têm pré-obesidade ou obesidade.
O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia despendida. Os fatores que determinam este desequilíbrio são complexos e incluem fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. Os estilos de vida, a alimentação desequilibrada e a inatividade física, influenciam a prevalência desta doença, mas cada vez mais se sabe que o componente genético é determinante.
O excesso de peso torna-se disfuncional e predispõe o indivíduo ao desenvolvimento de muitas complicações médicas, principalmente do foro cardiovascular (como a diabetes tipo 2, hipertensão arterial, entre outras), mas também ao risco aumentado de vários cancros.
A abordagem primordial na luta contra a obesidade é a prevenção. Quando o excesso de peso já se instalou, torna-se ainda mais importante a consciencialização do problema e a procura de ajuda. Os benefícios conseguidos através da perda intencional de peso, mantida a longo prazo, traduzem-se na saúde global, controlo de doenças crónicas associadas, redução da mortalidade, melhoria da autoestima e qualidade de vida.
A avaliação médica pelo Especialista em Medicina Interna é fundamental para compreender os fatores determinantes do excesso de peso e, com base nisso, planear a abordagem terapêutica mais apropriada para cada doente. Poderá ser necessário realizar estudo adicional para excluir doenças responsáveis pelo aumento de peso, que dificultem a perda de peso, ou que apareçam ou agravem como consequência do excesso de peso. A Consulta de Obesidade tem como objetivo não apenas a redução do peso, mas avaliar o doente que tenha particular risco ao desenvolver obesidade, nomeadamente pessoas com diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia, doença cardiovascular, apneia do sono, entre outras.
Qualquer que seja a abordagem no tratamento da obesidade, a base da intervenção inicia-se no estilo de vida, nas mudanças comportamentais e nutricionais. Numa grande percentagem dos casos há indicação para terapêutica farmacológica, cada vez mais utilizada e que tem evoluído muito nos últimos anos. Em casos selecionados poderá estar indicada a abordagem cirúrgica.
Numa era onde a informação e desinformação estão ao alcance de um clique, é fundamental esclarecer a população quanto à importância de acompanhamento por um Especialista no tratamento da Obesidade, que consiga uma abordagem integrada desta patologia baseada na melhor e mais recente evidência científica.