Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024
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Obesidade: a epidemia do século XXI

> Literacia em Saúde por Ana Raquel Freitas, Especialista em Medicina Interna na Clínica CUF S. João da Madeira.
Ana Raquel Freitas,  Especialista em Medicina Interna na Clínica CUF S. João da Madeira.
Ana Raquel Freitas, Especialista em Medicina Interna na Clínica CUF S. João da Madeira.

A prevalência da obesidade tem vindo a aumentar ao longo dos anos, de tal forma que a Organização Mundial de Saúde considerou ser a epidemia global do século XXI. Trata-se de uma doença crónica, multifatorial e complexa. Depois do tabagismo, é atualmente considerada a segunda causa de morte de possível prevenção. E o que dizer da população portuguesa? Um estudo realizado pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação na população adulta concluiu que 38,2% das mulheres e 64,5% dos homens têm pré-obesidade ou obesidade.

O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia despendida. Os fatores que determinam este desequilíbrio são complexos e incluem fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. Os estilos de vida, a alimentação desequilibrada e a inatividade física, influenciam a prevalência desta doença, mas cada vez mais se sabe que o componente genético é determinante.

O excesso de peso torna-se disfuncional e predispõe o indivíduo ao desenvolvimento de muitas complicações médicas, principalmente do foro cardiovascular (como a diabetes tipo 2, hipertensão arterial, entre outras), mas também ao risco aumentado de vários cancros.

A abordagem primordial na luta contra a obesidade é a prevenção. Quando o excesso de peso já se instalou, torna-se ainda mais importante a consciencialização do problema e a procura de ajuda. Os benefícios conseguidos através da perda intencional de peso, mantida a longo prazo, traduzem-se na saúde global, controlo de doenças crónicas associadas, redução da mortalidade, melhoria da autoestima e qualidade de vida.

A avaliação médica pelo Especialista em Medicina Interna é fundamental para compreender os fatores determinantes do excesso de peso e, com base nisso, planear a abordagem terapêutica mais apropriada para cada doente. Poderá ser necessário realizar estudo adicional para excluir doenças responsáveis pelo aumento de peso, que dificultem a perda de peso, ou que apareçam ou agravem como consequência do excesso de peso. A Consulta de Obesidade tem como objetivo não apenas a redução do peso, mas avaliar o doente que tenha particular risco ao desenvolver obesidade, nomeadamente pessoas com diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia, doença cardiovascular, apneia do sono, entre outras.

Qualquer que seja a abordagem no tratamento da obesidade, a base da intervenção inicia-se no estilo de vida, nas mudanças comportamentais e nutricionais. Numa grande percentagem dos casos há indicação para terapêutica farmacológica, cada vez mais utilizada e que tem evoluído muito nos últimos anos. Em casos selecionados poderá estar indicada a abordagem cirúrgica.

Numa era onde a informação e desinformação estão ao alcance de um clique, é fundamental esclarecer a população quanto à importância de acompanhamento por um Especialista no tratamento da Obesidade, que consiga uma abordagem integrada desta patologia baseada na melhor e mais recente evidência científica. 

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