A um mês da edição de 2025 das Festas de São Luís Rei de França, no lugar de Figueiredo, o grupo de jovens que, no início de 2024, propôs à Câmara a realização de um documentário sobre a festa vem agora manifestar publicamente a sua preocupação com a falta de ação do município. Há quase um ano, a Câmara Municipal recusou apoiar essa proposta, mas acabou por assumir, em reunião pública, a promessa de produzir um registo audiovisual a tempo do centenário. Desde então, nada aconteceu.
Em 2024, um grupo de jovens cineastas com ligações familiares a Figueiredo apresentou uma proposta à Câmara Municipal para a produção de um documentário sobre a Festa de São Luís, com o objetivo de preservar a memória de uma tradição com quase 100 anos. A proposta era concreta, tecnicamente viável e contava com o apoio informal da comunidade local.
Apesar da abertura inicial, o projeto acabou por ser recusado em três momentos distintos, devido à ausência de apoio financeiro. Sem o envolvimento da única entidade com capacidade para financiar uma iniciativa deste tipo, os jovens viram-se obrigados a desistir.
Na reunião de Câmara Municipal de dezembro de 2024, e perante as críticas públicas à postura do executivo, o presidente Joaquim Jorge afirmou que o município iria avançar com um registo das Festas, dizendo: “Vamos procurar que as Festas de São Luís fiquem registadas, através de uma realização, que poderá ser documental ou em vídeo, como nos foi sugerida. O que importa é que fique registado e assinalado os 100 anos das Festas de São Luís.”
A declaração divulga na imprensa local foi interpretada pelo grupo de jovens que sugeriu a criação do documentário, revelam, como uma mudança de posição por parte da autarquia. Acolheram a promessa com agrado. O essencial, afirmam, “era que o registo se fizesse, independentemente de quem o executasse”.
Chegados a julho de 2025, apontam, “nenhum contacto foi feito com a comissão de festas, nenhum trabalho foi iniciado, nenhuma verba anunciada, nenhum plano apresentado”. A 11 de junho deste ano, os jovens enviaram uma carta aberta ao presidente da autarquia, onde alertavam que a edição de 2025 seria a última oportunidade para recolher imagens e testemunhos que permitissem preparar um registo digno do centenário. A carta continua sem resposta.
“O tempo está a esgotar-se. Um trabalho sério de recolha não se improvisa em cima da hora. É preciso planear, filmar, ouvir as pessoas, montar, editar. Isso exige tempo, meios e vontade”, afirma Adalberto Pinto, um dos promotores da proposta.
O grupo lamenta que a promessa do presidente da Câmara tenha servido apenas o propósito de desviar atenções e reduzir a contestação, sem intenção real de concretizar o que disse. “A cultura não se protege com promessas vagas. Protege-se com decisões. Um presidente não pode dizer que vai fazer e depois ignorar o assunto, como se nada tivesse sido dito. Ainda colocamos a hipótese de estar tudo a ser tratado, mesmo que sem o conhecimento público. Caso contrário será uma falta de respeito grosseira para com a instituição municipal que o Presidente representa e, acima de tudo, uma falta de respeito para com os oliveirenses”.
“Este comunicado é um alerta final. A edição de 2025 é a última oportunidade de recolher os materiais necessários para criar um registo digno da Festa de São Luís a tempo do centenário. A promessa foi feita. A responsabilidade é conhecida. Mas continua tudo por concretizar”, escreve o grupo de jovens em comunicado enviado ao nosso jornal.
O que já está feito? O que está a ser feito? O que vai ser feito? São as perguntas colocadas pelos jovens cineastas, na Carta Aberta ao edil municipal, que continuam sem resposta.