A Universidade de Aveiro vai colaborar com a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis para investigar a indústria do vidro nesse concelho da Área Metropolitana do Porto, com vista a potenciar a divulgação cultural e turística desse património. As duas instituições assinaram no início do mês de novembro um protocolo de colaboração de três anos, visando a recolha, validação e promoção do legado do vidro no território de Azeméis. O município financiará com cerca de 105 mil euros, que ficará concluído com a entrega de uma monografia.
Destinado a reposicionar o território “com iniciativas imateriais, culturais e simbólicas ligadas ao vidro”, a parceria vai implicar tarefas como a identificação e o registo de práticas contemporâneas em contexto de dinâmicas tradicionais; a sinalização do legado do vidro ligado ao território, aos cidadãos, à indústria e à história; a aproximação entre artesãos, profissionais, indústria e comunidade; a conceção de produtos e serviços distintos e inovadores alicerçados em sistemas de produção e consumo sustentáveis; e a promoção de estudos colaborativos em áreas científicas ligadas ao restauro, à arte, à arqueologia, aos materiais, à tecnologia, aos ofícios e ao turismo.
O protocolo estabelece, em concreto, que caberá à UA desenvolver “novos caminhos de criação, através da investigação e exploração de novas abordagens tecnológicas e criativas entre estudantes de design, designers, engenheiros e artesãos, e envolvendo também a comunidade escolar” – com o que se pretende “não só perpetuar a memória da comunidade e da região, como também traçar e expor novos caminhos artísticos e técnicos para o trabalho do vidro”.
Resultados finais dentro de três anos
A equipa, do ponto de vista científico, é liderada pelo professor António João, da Escola Superior Aveiro Norte, da Universidade de Aveiro, e terá a participação do próprio diretor da ESAN. “Eu próprio estarei na equipa de um ponto de vista mais técnico. O processo do vidro em Oliveira de Azeméis foi sempre um processo particularmente me apaixonou”, revelou Martinho Oliveira ao azeméis.net.
O grupo de trabalho, constituído por alunos de mestrado e doutoramento da ESAN, já está no terreno. “Começamos por digitalizar todo o arquivo da Quinta do Côvo que ainda estava por fazer”, refere o diretor da ESAN.
“O nosso trabalho será desenvolvido para que se tenha a clara noção do que o vidro representa historicamente para Oliveira de Azeméis e para o seu desenvolvimento local”, continua Martinho Oliveira.
Do trabalho global – que a autarquia oliveirense financiará com cerca de 105.000 euros – deverão ainda resultar inventários com caráter bibliográfico, histórico, documental, técnico, social e etnográfico, além de uma monografia.
“No final desta colaboração deixaremos uma monografia e outros trabalhos de fundamentação histórica, um grande desafio que vamos enfrentar com rigor e dar o nosso melhor”, afirma o dirigente académico.
“Vamos começar a apresentar resultados em breve, mas queremos apresentar resultados finais em três anos”, informa Martinho Oliveira.
Etapa exigente
Este plano de ação prospetivo levará ao “processo de inscrição do vidro no Inventário Nacional de Património Cultural”, destaca o presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis. Joaquim Jorge reconhece que “o trabalho identitário é uma etapa muito exigente” no processo de valorização do património vidreiro local, até porque “a escassez de registos e a idade avançada dos vidreiros implicam investigação urgente”, mas acredita que a Universidade Aveiro é a parceira certo para a tarefa, como entidade “determinante e fundamental para esta investigação”.
Martinho Oliveira, representante da referida universidade enquanto diretor da ESAN – Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produção Aveiro-Norte, instalada em Oliveira de Azeméis, concorda que em causa está “um grande desafio” e promete rigor na sua concretização.