Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024
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Autarquia propôs que Ferreira de Castro tenha o seu nome perpetuado em todas as freguesias. Primeira biografia foi lançada no início do ano

> Este ano comemora-se o 126.º aniversário do nascimento do escritor oliveirense, e também meio século sobre a sua morte (a 26 de junho).

José Ferreira de Castro, escritor e o maior marco cultural do concelho de Oliveira de Azeméis, celebraria neste dia 24 de maio o seu 126.º aniversário. A 26 de junho assinala-se meio século sobre a morte daquele um dos grandes vultos da história de Oliveira de Azeméis, que a vida e a obra literária transformaram em cidadão do mundo.. A Câmara Municipal tem percorrido o caminho de promover a memória e marca cultural deste concelho. Autor de obras incontornáveis como “A Selva”, que chegou a ser candidato ao Prémio Nobel. O Centro Interpretativo Ferreira de Castro, em Ossela, está praticamente concluído, e o executivo chegou a propor em julho do ano passado que o nome do escritor oliveirense fosse perpetuado em todas as freguesias.

Em reunião de Comissão de Toponímia, apurou o azeméis.net, a vereadora Ana Filipa Oliveira colocou em discussão sobre a eventualidade das freguesias que não tenham o nome do escritor Ferreira de Castro, procedam à atribuição do mesmo no futuro. Na altura, os restantes membros que compõem a comissão consideraram que “não desmerecendo a importância do escritor, deveriam ser as juntas a tomar essa iniciativa”.

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A primeira biografia completa

O primeiro de quatro volumes da primeira biografia completa do escritor Ferreira de Castro, precursor do neorrealismo em Portugal, contendo informação e iconografia inédita, foi apresentada em fevereiro deste ano pelo Centro de Estudos Ferreira de Castro na Biblioteca Municipal de Oliveira de Azeméis.

“Ferreira de Castro, uma biografia” é da autoria de Ricardo António Alves, estudioso do escritor de Ossela, que há anos se dedica à obra e vida do autor de “A selva” e que, neste primei­ro volume, desvela os primeiros 21 anos daquele que se tornaria um precursor do neorrealismo e um anarcossindicalista.

“Será a primeira biografia completa de Ferreira de Castro, uma vez que nas anteriores, como a de Jaime Brasil, saída em 1961, era Ferreira de Castro ainda vivo”, disse à Lusa Carlos Oliveira Castro, presidente do CEFC.

De acordo com o responsável, este primeiro volume, de 288 páginas, cobre os primeiros 21 anos da vida de Ferreira de Castro (1898-1974), desde a sua infância na freguesia de Ossela (até 1911) até uma “tumultuosa estada de seis meses no Rio de Janeiro, antes do regresso a Portugal, em 1919”.

Pelo meio, é relatada a sua emigração solitária para o Brasil aos 12 anos, o fim da infância e a adolescência a trabalhar num seringal da Amazónia (1911-1914), a entrada na idade adulta e o despontar da escrita, no jornalismo e na literatura, em Belém do Pará, onde publicou os dois primeiros livros.

Da sua experiência de quatro anos a trabalhar no seringal Paraíso, em plena floresta amazónica, Ferreira de Castro extraiu o tema para aquela que ficaria conhecida como a sua obra mais emblemática, “A Selva” (1930).

Este romance foi adaptado ao cinema em 2003 pelo realizador Leonel Vieira, numa das mais caras produções da cinematografia portuguesa da altura.

O segundo volume da biografia, que se prevê ser publicado no final de 2025, cobre o período que vai desde o regresso a Portugal até à publicação de “Emigrantes” (1928), “livro que desbloqueia então o romance português”, considerou Carlos Oliveira Castro.

“O volume III irá desde a publicação de ‘A Selva’ (1930), até à edição comemorativa dos 25 anos do romance, com as ilustrações de Portinari; o IV volume terminará em 1975, um ano após a sua morte, com a trasladação dos restos mortais para a Serra de Sintra”, acrescentou.

O presidente do CEFC lembra que Ferreira de Castro “não apenas renovou o romance português, até aí num beco sem saída, com ‘Emigrantes’ e ‘A Selva’, como se constituiu como um dos mais importantes escritores portugueses da primeira metade do século XX”, com outros romances marcantes, como “Eternidade” (1933), “Terra Fria” (1934) ou “A Lã e a Neve” (1947).

Segundo Carlos Oliveira Castro, esta biografia “reúne informação e iconografia inédita e dispersa sobre esse período, recuperando, atualizando ou corrigindo o que autores coevos escreveram” sobre Ferreira de Castro.

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“Ferreira de Castro – o terrível exercício da liberdade

Para assinalar o 126.º aniversário sobre o nascimento de Ferreira de Castro, a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis organiza esta sexta-feira, dia 24 de maio, pelas 21h15, a palestra “Ferreira de Castro – o terrível exercício da liberdade”, com José Carlos Soares, do Centro de Estudos Ferreira de Castro. Esta iniciativa insere-se também nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

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“Na cidade com Ferreira de Castro”

No âmbito das Comemorações do 126.º Aniversário de Nascimento de Ferreira de Castro, a biblioteca municipal promoveu o 1.º Peddy Paper “Na cidade com Ferreira de Castro”. Esta iniciativa, alusiva ao escritor e patrono José Maria Ferreira de Castro, irá percorrer a cidade de Oliveira de Azeméis até setembro 2024. As inscrições poderão ser feitas através do email biblioteca@cm-oaz.pt.

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Uma resposta

  1. Ferreira de Castro foi a minha emancipação sexual com «A Selva». A partir de então, tudo foi possível e meritório.

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