Venceslau Fernandes, ciclista que representa a UD Oliveirense/InOutBuild, foi o grande vencedor da Volta a Portugal ao Futuro em Bicicleta do ano passado. Para a edição deste ano o treinador Manuel Correia tem um discurso mais comedido, e revela que o desgaste da equipa na Volta a Portugal em Bicicleta pode fazer com que os resultados sejam mais modestos.
Um dia antes do início da prova, Azeméis.NET entrevistou o treinador Manuel Correia para saber o que se pode esperar realmente da equipa de Oliveira de Azeméis na prova que estará na estrada até ao dia 8 de setembro. Manuel Correia chama para a atenção do desgaste da época, mas não descarta de todo o ataque à vitória. Nesta entrevista acabou por falar do milagre que foi a Volta a Portugal e deixar um desabafo sério: “Não é possível continuar a fazer ciclismo com este orçamento e com estas condições“. Uma entrevista a ler e ouvir. Mais à frente terá a oportunidade de ouvir a entrevista na íntegra, onde estão incluídas questões que não estão transcritas.
Azeméis.NET – Quais as ambições da equipa para esta Volta a Portugal do Futuro?
Manuel Correia – As ambições são sempre as mesmas. Em todas as provas em que participamos aquilo a que nos propomos é estar com ambição, com dignidade e lutar sempre pelos melhores resultados possíveis. No entanto, também sabemos que temos adversários de grande qualidade. Esta é uma equipa muito jovem que teve uma época muito desgastante, principalmente depois de termos feito a Volta a Portugal, o que não acontece com grande parte das equipas que vão participar nesta Volta ao Futuro. Portanto esta equipa vai partir com muito desgaste, mas não é por isso que vamos deixar de ter ambição, e tentar estar mais uma vez na discussão da mesma.
O que espera desta competição? O que será para si um bom resultado?
Para mim um bom resultado é saber que eles dão o seu melhor, mesmo que não consigamos vencer. Que toda a gente deu o máximo, que se entregou, que esteve com dignidade, que fomos resultados. A partir daqui um bom resultado para nós seria vencer, mas sabemos que é difícil. Na época passada fomos com uma equipa com muito mais maturidade e conseguimos vencer através do Venceslau, mas este ano, tirado o Rafael Reis, todos os corredores que vão participar são de primeiro ano, ou de segundo ano, e alguns deles estiveram na Volta a Portugal. Portanto, temos de ser um bocadinho mais prudentes. Mas no fundo, no fundo, acreditamos no bom resultado. E um bom resultado para nós seria ganhar. Não vamos descartar isso. Mas sabemos que na época passada apresentamo-nos em muito melhores condições físicas do que nos vamos apresentar este ano.
Sente ainda a euforia da equipa no rescaldo do bom desempenho na Volta a Portugal?
Nas equipas que eu liderei, já lá vão mais de 20 anos, não existe euforia. Aquilo que conseguimos na Volta a Portugal foi algo de muito grandioso. Atendendo à juventude da equipa, às limitações orçamentais da equipa, eu diria que foi um milagre. Ficarmos em 6.º por equipas no meio de 19 equipas, se calhar nos próximos dois anos com melhores orçamentos e com melhores equipas, não vamos conseguir um resultado como este. Isto foi fruto do acaso, não sei. As coisas sairam-nos bem.
Qual será o corredor que irá lançar para disputar a vitória em cada etapa?
Isto é muito complicado. É lógico que o Rafael é aquele que apresenta mais predicados, mas fez uma grande Volta a Portugal, vamos ver como é que ele se apresente no início da prova. Tínhamos o Pedro Lopes que podia ser um sério candidato, mas tem-se debatido como problemas de saúde desde a Volta a Portugal, que ainda não estão resolvidos, mas apresenta-se muito melhor. Estas serão as duas principais apostas. Mas por vezes há circunstâncias de corrida que faz alterar tudo, que faz com que qualquer um dos outros corredores poderão entrar na discussão pela vitória.
Uma última pergunta sobre a Volta a Portugal. Acha mesmo que os bons resultados foram pura sorte?
Não, foi sorte e talento. Mas isto não vai acontecer muitas vezes. Quando começámos a Volta a Portugal nunca nos passou pela cabeça que iríamos colocar um corredor nos 15 primeiros e que iríamos fazer o sexto lugar por equipas. E no penúltimo dia estávamos em quinto. Isto era impensável atendendo à juventude da equipa, e as limitações orçamentais. Não é possível continuar a fazer ciclismo com este orçamento e com estas condições.
“Não é possível continuar a fazer ciclismo com este orçamento e com estas condições”.
Manuel Correia
. Agenda completa da 27.ª edição da Volta a Portugal do Futuro