A bombeira Susana Nogueira, de 34 anos, ingressou como bombeira profissional na equipa de Intervenção Permanente “EIP” dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis em 2012, após terminar contrato com o Exército Português onde foi militar e onde foi louvada pelo seu mérito pessoal. A equipa de intervenção permanente, explica Susana Nogueira, enquadra-se numa parceria da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis e da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, mas o contrato de trabalho dos Bombeiros que a integram é celebrado com a Associação Humanitária.
Desde 2012 que no âmbito das competências da equipa EIP, a bombeira efetuou na linha da frente combate a incêndios de todo o tipo, socorreu vítimas dos mais variados tipos de acidentes quer no concelho de Oliveira de Azeméis como em distintas áreas do território nacional em reforço a outras corporações de bombeiros. Participou em ações de sensibilização junto dos jovens oliveirenses num programa de visitas às escolas. Para além de profissional, também exerce voluntariado na mesma associação de bombeiros.
Em abril de 2019 foi-lhe diagnosticado cancro de mama, tendo assim de interromper a sua carreira enquanto profissional. Com a força que lhe é reconhecida, testemunham familiares e os amigos mais próximos, “enfrentou a doença, os tratamentos de quimioterapia, radioterapia passando também por uma cirurgia”. Atravessou um período de recuperação durante o qual lhe foi atribuída incapacidade temporária para o trabalho pelo médico de família período este que terminou em outubro de 2020 por decisão dos médicos da Segurança Social de Aveiro.
Susana Nogueira afirma que “voltar ao ativo e poder começar lentamente a recuperar a sua vida profissional foi sentida com muita felicidade e entendida como uma segunda oportunidade” que a vida lhe concedeu, pois, diz, “infelizmente outras vítimas da mesma doença não a tiveram”.
Em dezembro de 2020 a bombeira teve consulta de medicina no trabalho, e nessa altura, revela, foi sugerido à entidade patronal que nesta fase a bombeira deveria desempenhar outras funções temporariamente, incluindo atendimento telefónico. Susana Nogueira afirma que desempenhou a função “com rigor e profissionalismo sem que a entidade patronal tivesse disponibilizado qualquer tipo de formação para esta nova função”… até ao início do mês de outubro 2021. Altura em que, denuncia, recebeu uma carta a anunciar o seu despedimento, a ser efetivado no final do mês de outubro.
A bombeira vinca o facto de todo o processo de despedimento se ter desenvolvido durante o “Outubro Rosa”, mês internacional de prevenção de cancro da mama. “Durante todo o mês de outubro cumpri com rigor e um sofrimento emocional terrível os 30 dias de escala que a carta de despedimento ditou, sempre na esperança que até ao último dia, alguém da direção dos bombeiros com valores morais mais elevados, demovesse os outros decisores do despedimento a voltar atrás, pois todos os diretores têm esposas e alguns filhas que um dia por infelicidade poderiam passar pelo mesmo processo de doença”, diz.
Caso vai para tribunal
Em setembro 2021 a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) visitou a sede da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis, denuncia Susana Nogueira, e detetou, “entre outras irregularidades”, que a bombeira “estava a desenvolver o seu trabalho por turnos, onde se inclui trabalho noturno e teria que ser abonada de um suplemento no seu vencimento, suplemento esse que ao longo de 10 meses de trabalho nunca foi disponibilizado”.
Foi este facto que resultou o despedimento da profissional. O argumento constante na rescisão de contrato, diz Susana Nogueira, foi a sua condição de saúde “mencionando que não tem lugar para esta funcionária”. Num momento em que já não tem ligação laboral, a bombeira avançar que levará o seu caso para tribunal. “Restando tentar recuperar o posto de trabalho pela via judicial”, diz.
Susana Nogueira termina o seu relato afirmando que se descriminada neste caso em função da doença que se encontra numa fase avançada da sua recuperação, e afirma que a situação fragilizou a sua autoestima empurrando-a “novamente para um estado físico e emocional débil”.
Em reação a esta denúncia, o presidente da direção da Associação Humanitária, António Gomes, disse ao Jornal de Notícias que tudo foi feito para manter a bombeira em funções. “Fizemos tudo para readaptá-la. Há indicação médica para não trabalhar à noite, mas o serviço tem turnos (…) Não se pode inventar lugares que não existem”, respondeu.
Uma resposta
Mais um caso onde a empresa, neste caso os Bombeiros, vão PERDER
Vão ter de indemnizar a funcionária, vão pagar uma coima “gorda” ao ACT, e se seguir para o tribunal, pagam também as custas.
E serão obrigados a reintegrar a funcionária.
Não aprendem, pensam sempre que estão acima da lei.