A distribuição dos fundos comunitários provenientes do programa Norte 2030 fizeram estalar o verniz no seio da Área Metropolitana do Porto, onde o concelho de Oliveira de Azeméis está inserido. Eduardo Vítor Rodrigues anunciou que a AMP conseguiu captar 365 milhões de euros, um valor substancialmente superior aos 290 milhões alcançados na discussão, em 2013, no último quadro comunitário, mas Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, não ficou satisfeito com o resultado final.
Na votação, dos 17 municípios da AMP, votaram contra Santa Maria da Feira, Valongo e Vila do Conde, e Arouca absteve-se, e na discussão as críticas mais veementes vieram do edil de Santa Maria da Feira que a considerou “um perfeito absurdo”.
“Vou votar contra, se isto não for corrigido, porque acho que os critérios estão muito, muito mal feitos. O melhor critério que tínhamos todos, e que nunca olhámos para ele, eram as quotas”, defendeu Emídio Sousa.
O social-democrata Emídio Sousa disse ainda que a partir de agora a sua posição no Conselho Metropolitano “será sempre de contestação, eventualmente até de não participação nas votações”, exigindo que se revejam os valores das quotas de contribuição dos municípios na AMP.
As ideias do autarca da Feira foram contrariadas pelo presidente da AMP, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, afirmando que “se as quotas fossem um critério aceite por todos, a direção [da AMP] tinha trabalhado com base nas quotas”.
“De toda a forma, talvez não tenha visto bem, se Santa Maria da Feira é o quarto a pagar mais quotas, Santa Maria da Feira, curiosamente, na distribuição do dinheiro, é o quarto a receber mais”, disse o presidente da AMP.
O também presidente da câmara municipal de Gaia defendeu que a AMP não se pode “assumir como uma pequena CIM [comunidade intermunicipal] que está a discutir trocos”, mas sim equiparar-se a áreas metropolitanas como as de Barcelona, Manchester ou Lyon.
“Na relação entre todos, uns têm que ter uma correção desenvolvimentista, como Arouca por exemplo, e outros mais pequenos como São João da Madeira em termos de território, e outros têm que ceder alguma coisa a isto”, argumentou Eduardo Vítor Rodrigues.
Porém, segundo Emídio Sousa, para a Feira “o pior dos cenários que ficou desde o início ainda ficou pior”, elogiando o critério adotado em Lisboa e criticando depois o que classificou de “andar a inventar” e “ajustar aos desejos de cada um” posteriormente.
“Usarei as ferramentas que tiver ao meu alcance para repor a justiça. Todas elas”, concluiu o autarca de Santa Maria da Feira.
Aos jornalistas, Emídio Sousa mostrou-se ainda “surpreendido” com a sugestão de Eduardo Vítor Rodrigues de que os votos contra poderiam ter uma natureza política, dizendo que o clima na AMP se está a transformar “numa paz podre”.
“É importantíssimo que todos percebam que a coesão metropolitana parte por ter uma atenção muito especial às periferias, sob pena de nós, na periferia, começarmos a não nos revermos nesta Área Metropolitana do Porto. Este meu voto contra tem muito a ver com isso”, explicou.