Depois do “Sonho” (2023) e a “Liberdade” (2024), o “Progresso” será o tema de reflexão profunda na 24.ª edição do Festival Imaginarius, o Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira, que acontece durante quatro dias consecutivos – entre os dias de 22 e 25 de maio. Propõe uma reflexão profunda sobre o “Progresso”, questionando os impactos sociais, tecnológicos, ambientais e culturais… em forma de arte.
“É um capítulo de um livro que tem um fio condutor. O Progresso é o sonho maior humanidade”, referiu Gil Ferreira, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.
A edição deste ano de Imaginarius apresentará 120 horas de programação distribuídas por 43 performances e instalações, a cargo de 43 companhias de 17 países, com a participação de 170 artistas. Está dotado de um orçamento de meio milhão se euros, sendo que 210 mil euros é dedicado à programação. Há um crescimento significativo em relação aos anos anteriores . O festival apresenta oito criações Imaginarius (foram 3 em 2024). Regista-se também, 5 estreias nacionais e 11 absolutas, entre as quais nove encomendas (o que representa o triplo do ano passado).
O evento vai repartir-se por um total de 15 palcos e, nesse contexto, destaca-se o regresso do espetáculo de encerramento à praça do tribunal. Será esse espaço a receber “Le grand mire / A grande mira”, em que a companhia francesa Deus Ex Machina combina teatro com trapézios fixos, dança pendular, números aéreos sobre tecido e ‘videomapping’ numa esfera insuflável de 200 quilos, elevada a 15 metros de altura.
Quanto às restantes localizações do festival, ele continuará a passar por cinco salas fechadas, para minimizar o risco de cancelamentos devido a chuva, mas alarga-se a novas moradas, como o renovado Mercado Municipal, a escadaria nas traseiras das Piscinas da Feira e os degraus de acesso à Igreja da Misericórdia.
Os grandes destaques
A programação é composta por um conjunto de espetáculos que exploram o tema do progresso em linguagem diferentes. O espetáculo de abertura é “Orquestra de malabares”, da Pistacatro (Espanha) em colaboração com 30 elementos da Banda Sinfónica de Jovens de Santa Maria da Feira, que une circo e música em um balé aéreo onde instrumentos e objetos de malabarismo se fundem.
Da lista de produções a gerar mais expectativa, a gestora do projeto Imaginarius, Telma Luís, salienta “Phloeum /Floema”, que é uma das nove produções próprias do festival e resulta de uma chamada internacional na categoria de circo contemporâneo, a propósito da classificação de Santa Maria da Feira como Cidade Criativa da UNESCO. O espetáculo foi desenvolvido pelo coletivo finlandês Lumo Company e consiste numa experiência imersiva com gastronomia, arte culinária e movimento, “nos limites entre corpo, som e natureza”.
Outras propostas do Imaginarius de 2025 são “Anti-Nódoas”, em que a companhia portuguesa Mnemos usa o humor como ferramenta de crítica social na análise de “temas profundos como a condição feminina”; “Virtual Reality /Realidade Virtual”, em que o quarteto de mimos ucranianos Dekru explora a influência dos meios digitais na vida contemporânea; e “The Grannies / As Avós”, em que a dupla suíço-irlandesa Bill and Fred Productions mostra como duas seniores já lentas de movimentos podem ser “jovens de espírito, cheias de atrevimento”.
Telma Luís destaca que o programa de 2025 inclui ainda uma “instalação-intervenção” sob o título “Home/Land”, em que a companhia franco-americana Begat Theatre joga com o sentido das palavras inglesas “Homeland” / “Terra natal”, “Home” / “Lar” e “Land” / “Terra” para levar atores e espectadores a descobrirem e comentarem “testemunhos de exílio, origens, alteridade e raízes arrancadas ou reencontradas”.
O “palco da vida”
O progresso começa a ser notado e motivo de discussão desde o primeiro momento da edição de 2025 de Imaginarius. A apresentação do evento à imprensa foi feita numa lavandaria automática e Amadeu Albergaria, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, justificou a opção por esse espaço: “Temos nisto um aspeto da vida moderna que representa uma certa solidão. Vamos à lavandaria quando estamos sozinhos e depois encontramos lá outras pessoas. Talvez o Progresso tenha caminhado para esta nova forma de solidão, tal como antes se ia solitariamente aos lavadouros públicos e depois eles se tornavam um ponto de encontro”.
O autarca defende que esse “sítio inusitado” combina assim com a grande missão do festival, que é a de levar a arte ao espaço público e incentivar a população a “redescobrir a cidade”, ela própria “feita de operários irredutíveis da cultura”.
Amadeu Albergaria aponta que o Imaginarius é muito mais do que um festival. É um “palco de vida”, que “transforma vidas e desperta produção e inquietação (…) que procuramos trazer todos os anos à cidade”, e que fazem do Imaginarius “não apenas um momento, mas sim um sonho de gerações que vai crescendo”.
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O Imaginarius 2025 em números
Companhias participantes: 43
Artistas envolvidos: 170
Países representados: 17
Horas de conteúdo: 120
Espetáculos e instalações: 43
Apresentações: 135
Estreias absolutas: 11
Estreias nacionais: 25
Criações exclusivas Imaginarius: 8
Espaços programados: 15
Investimento total: 500 mil euros